14 de jul. de 2012

A vida num sofá


A sua vida, a minha vida, pode neste momento estar sentada em um sofá. Explico: quando nascemos, nossos pais criam toda uma expectativa sobre quem seremos, o que faremos e se faremos alguma diferença nesta vida.
Começamos a partir do nada, quando ainda não somos efetivamente quase nada. Crescemos e vamos ganhando contorno. Nosso corpo vai se desenvolvendo e mostrando as suas formas. Nossa alma vai captando o que vê pela frente e, desta forma, vamos nos tornando um verdadeiro ser humano. Quanto mais vivemos, mais aprendemos, e quanto mais aprendemos, mais vamos acumulando escolhas. Existe um momento em que, sem que a gente perceba, a gente vira um sofá. Um sofá com estilo e características próprias. Tem alguns que são de couro animal; outros de couro vegetal; alguns outros forrados de tecido, rústico ou sofisticado.


E tem mais, alguns sofás são de um único lugar - chamados poltronas -, outros são de dois, três, quatro lugares. Junte a tudo isto o estilo: alguns são clássicos, outros, de tão velhos, tornam-se vintage; outros modernos e alguns outros têm estilo difícil de se avaliar. Uma vez sofá, a gente passa a ser olhado, paquerado, desejado e - mais cedo ou mais tarde - vai acabar sendo levado para a casa de alguém. Vai daí você decidir se vai querer ser adquirido (comprado) por fulano(a) ou siclano(a). Você pode precifica-se e quanto mais você gostar do sofá que se tornou, mais caro vai querer se vender no mercado. Tem alguns sofás que valem uma verdadeira fortuna e outros que não valem quase nada. O que é certo é que vai chegar uma hora que você não vai resistir e vai parar na casa de alguém. Neste momento começa-se um novo ciclo de vida.



Dependendo da relação estabelecida com o comprador(a), você vai ser bem cuidado, limpo e sua aparência vai estar sempre legal. Já quando a relação não se mostrar muito boa, talvez derramem-lhe suco, café ou restos de comida, criando assim manchas; talvez subam-lhe em cima e pisem até causar-lhe pequenas cisões - se você for de tecido - que podem virar esgarçamentos e até rasgos; se você for de couro, a pele também pode criar vincos que poderão evoluir para rasgos. A partir daí você começa a correr riscos. Que riscos?

Por exemplo, o risco de vir a ser substituído por outro sofá mais novinho e de melhor aparência. Às vezes também acontece da pessoa ficar enjoada de tanto vê-lo dia e noite e - desta forma - venha a se cansar da sua cara. Neste caso, a troca é certa. Outras vezes, com o passar do tempo, a pessoa muda de estilo e passa a achar que você não combina mais com a casa dele(a). É por estas e outras que a gente vê tantos sofás jogados na rua: alguns dentro de caçambas e outros largados em alguma esquina. E nesta hora o que acontece: ou passa alguém que, ao olhar para você, enxerga-lhe a possibilidade de virar de novo um lindo sofá, e lhe manda para um estofador; ou você vai acabar sendo recolhido pela prefeitura e acabar em algum aterro sanitário, à disposição dos urubus a lhe fazer companhia, sentados em sua estrutura que - à esta altura - mais vai parecer um velho e sujo esqueleto.


Agora você entende porquê todos nós somos um sofá? Eu espero sinceramente que você esteja neste momento confortavelmente sentado em uma ampla, arejada e bonita sala, sendo o centro das atenções de todos da casa. E mais: espero que as pessoas que estejam a sentar-se em você o façam com jeito e cuidado e - de preferência - com elegância. De vez em quando você vai sentir que soltaram um pum em você. Mas saiba que isto faz parte de quem se pretende ser um sofá.


O texto acima serve de enredo para eu apresentar uma etiqueta, clássica e chique, que fiz para a sofisticada e renomada fábrica de móveis BRENTWOOD.


Ela tem o fundo branco e o logo em preto.


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