1 de jun. de 2013

Eu tenho que parar de te encontrar toda vez que saio de casa


Você partiu. Fez as malas e saiu para nunca mais voltar. Disse que precisava de um tempo. Foi para o Tibete meditar. Nos primeiros anos que se passaram, ainda recebia algumas noticias suas.Fora para a Índia; virara hare krisna; fizera abstinência de sexo por anos ate que encontrara um executivo indiano e fora com ele morar no Oregon.

Eu fiquei por aqui tentando me refazer do susto de uma separação não anunciada.

Primeiro vesti-me de luto e fui visitar o seu túmulo imaginário pelo menos uma vez por semana. Limpava a lápide, varria o chão; trocava as flores e limpava a placa de bronze que indicava o início e o fim de nosso relacionamento.

Com o passar do tempo as visitas ao cemitério em que lhe enterrei foram se espaçando, espaçando, ate que não fui mais visitá-la.

Hoje lhe encontro diariamente nas situações mais corriqueiras do dia a dia: na fila do supermercado; no cabeleireiro; nos restaurantes que frequentávamos; nas viagens que fazíamos; nos ex-amigos que encontro pelas ruas; na missa de Domingo; nos cinemas e teatros da vida.Em suma, para onde vou encontro você.
Já tentei mudar a pagina do Facebook; o perfil do Instagram; o endereço de meu blog, mas nada dá resultado. Quando vejo você está la na foto recentemente postada olhando para mim. Preciso deixar de encontrar você todas as vezes que saio de casa.

Vê se me esquece. Me deixa. Me larga.


O conto EU TENHO QUE PARAR DE TE ENCONTRAR TODAS AS VEZES QUE SAIO DE CASA que escreverei abaixo foi inspirado em uma intervenção artística que encontrei no bairro de Pinheiros, enquanto caminhava para uma reunião. Trata-se de um bilhete rasgado, escrito à mão e colado na parede de uma casa. Além deste bilhete, encontrei mais dois, com mensagens diferentes, que pretendo transformar também em contos.




Encontros e desencontros. Caminhos cruzados. É disto o que fala o conto acima, talvez um dos que mais gostei de fazer até o momento.

Ele é contemporâneo, fala de vidas que caminham lado a lado e - de repente - deixam de comungar o mesmo roteiro e passam a seguir por estradas diferentes.

Para ilustrar o conto, apresento uma etiqueta cuja essência é a sofisticação. Trata-se de LIA SOUZA, designer carioca que aportou em São Paulo com seu estilo único e inconfundível. Suas criações, como o seu site bem diz, são "contemporânea e cosmopolita...neles o clássico é revisto sem caretice e o novo é explorado sem exageros."


A etiqueta produzida é a de fundo branco e logo dourado; desenvolvemos também sua versão em fundo preto.

Na tentativa de criar um universo o mais próximo possível da marca, fiz uma cenografia utilizando um tecido de tule preto, flores de gorgurão pretas, em dois tamanhos e cristais em tom de vinho.
Criei um tecido bordado, onde inseri as etiquetas.










Frase do dia: Cada carro com seu dono. Cada dono com sua cara.




E se você pensa que um pneu é simplesmente um pneu, veja estes aqui.




A ilustração que abre o post tem o nome "Leave me alone" e é obra do artista plástico Gabriel Forgottenangel. Mais detalhes em: http://fineartamerica.com/featured/1-leave-me-alone-gabriel-forgottenangel.html

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