17 de mar. de 2012

As tias. Cuidado, seu casamento está correndo perigo!



A festa era de arromba. Desde que os noivos oficializaram o noivado, passara-se um ano. Neste tempo, os parantes, amigos e padrinhos ficaram contando os dias que faltavam para o grande dia.

O casamento na igreja Nossa Senhora do Brasil fora deslumbrante. Algo - para não dizer um monte de clichês - cinematográfico.

A noiva chegara em um Roolls Royce preto, seguido por dois batedores. No guidão de cada motocicleta haviam duas bandeiras:a do lado esquerdo, era o brasão da família da noiva, e a do direito, o brasão da família do noivo. Os dois eram de famílias quatrocentonas de São Paulo. Destas que chegaram quase juntos com os jezuitas, sabe.

A decoração da igreja e do salão onde acontecera a recepção, levara a assinatura de importante designer de flores. As flores escolhidas pela noiva foram as rosas colombianas vermelhas e as orquídeas brancas; nada de flores do campo. O coral, com 20 vozes, também tinha maestro e músicos da orquestra da OSESP.

Quando as portas da igreja se abriram, pode-se ouvir o barulho retumbante dos tambores e cornetas.

a noiva era praticamente uma Grace Kelly

O vestido, feito pela Maison Dior, em Paris, levara a noiva e sua mãe por diversas vezes à cidade luz, onde acontecera as provas de roupa. Difícil descrevê-lo. Pense em alguns metros de renda espanhola vintage, bordada em pontos estratégicos por mini-pérolas e brilhantes. Isto mesmo, brilhantes de verdade. Para arrematar o vestido, uma calda que, uma vez a noiva no altar, ocupava um  terço da nave.

A recepção para 500 convidados sentados, também acontecera em salão de grife, com jantar servido à francesa e regado a champanhe Veuve Clicquot e água Perrier.


Para adoçar a boca dos convidados estava lá o bolo, feito pela melhor cake designer da cidade, com quatro andares, todos eles apoiados por mini-colunas jônicas, e arrematados acima, por um casal de noivos em porcelana biscuit trazida especialmente da França.

Pelo salão foram espalhadas diversas mesas de doces, destacando-se os caramelizados e os mini-cup-cakes, que mais pareciam jóias de açúcar.

Já no final da festa, foi montada uma mesa de bem-casados, envoltos em uma fita de gorgurão dourada, e arrematados,um a um, por duas camélias brancas de tecido.


Foi o que bastou para que as tradicionais tias dos noivos aparecessem em bando, munidas de suas bolsinhas gobelin, e começassem a colocar dentro das mesmas os bem-casados, com uma técnica de precisão milimétrica, que se você não ver com os próprios olhos, não pode acreditar na quantidade que cabe. Isto é pura arte, adquirida em longos anos de experiência. E não adianta querer imitar, pois esta técnica é patenteada por elas, as tias dos noivos.


E uma última coisinha: se você está noiva e pretende se casar, nem pense na hipótese de não convidar as tias. Afinal, elas existem para abençoar os bem-casados, e a sua ausência, é sinal de mal-agouro para os recém-casados.


A fita em questão foi desenvolvida e produzida para o cenógrafo MARCELO BACCHIN, que costuma passear por este blog através dos tecidos feitos para as festas que pilota.

Marcelo tem por tradição receber os seus clientes com bem-casados. Fizemos esta fita especial para que ele pudesse acondicionar os docinhos e também utilizá-la para embalar presentes que levem a sua assinatura.


E olha só a receita de bem-casado de nozes que eu encontrei em um livro antigo de Dona Benta. Minha mãe presenteou-o à Adriana, quando nos casamos. Parece encomenda feita, não acha?


Ponha as mãos na massa e faça o seu próprio bem-casado. E se o seu casamento não deu certo, não venha me culpar por isso. Pergunte à sua consciência se você ofereceu bem-casados às suas tias na sua festa de casamento. Se não ofereceu, bem feito.

PS: Os desenhos das tias foram extraídos da obra do poeta, pintor e caricaturista alemão, Wilhelm Busch (1832-1908). Ele retratava as velhas tias como ninguém! A foto da belíssima mesa com o bolo, é do casamento Edda Ugolini, decorado por Marcello Bacchin e organizado pelo Boutique de 3.

Um comentário:

  1. Beto não é que é assim mesmo!!! Parabéns pelo post e pela fita dos
    bem-casados... fez a diferença!!! Bjos.

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