6 de mar. de 2012

Algodão doce, pipoca e o doce da vida

 

Hoje vamos falar de coisas doces. Doces coisas da vida. Sim, a vida tem o seu lado doce, acolhedor, amigo, um lado que transborda compaixão, onde o que fala mais alto é a voz do coração.

Está certo que se fôssemos colocar este lado doce em um gráfico - destes que os economistas adoram - veríamos que a fatia que lhe cabe no todo é muito menor do que o seu lado salgado, se é que assim podemos dizer.


Agora, tudo depende do momento que você está vivendo. Se ele lhe for favorável, pode ser que o gráfico de sua vida transborde de açúcar, ocupando praticamente todo o bolo. Mas não é bom se iludir com isso, achando que a vida vai lhe oferecer um docinho todos os dias.

Se você me permite, vou discorrer a seguir sobre o lado doce de minha vida. Quem sabe assim você se anima a pensar no seu.


Na infância, por exemplo, houve vários: as idas à praça central da cidade para comer pipoca (o lado salgado) e algodão-doce (o lado doce) e ver e ouvir a banda sinfônica municipal a tocar marchinhas de frente à velha fonte, onde dois sapos de cimento - um em frente ao outro - jorravam de suas bocas, água fonte adentro, enquanto as águas coloridas pulavam de alegria, mudando de cor de tempo em tempo.

Na adolescência posso falar dos bailinhos de final de semana, chamados à época de brincadeiras. Apesar do nome, eles eram algo que levávamos muito à sério. Eles representavam a porta de entrada para o sexo que viria logo mais. Ali tínhamos a chance e oportunidade de dançarmos agarradinhos, corpo colado na companheira, com direito à cabeça apoiada no ombro da escolhida. E detalhe: os olhos ficavam fechados, levando a cabeça a pensar verdadeiras loucuras.

tira gostos salgados fazem parte das doces lembranças dos bailinhos

Já na fase adulta, posso falar da emoção de ter me tornado pai e da tontura que senti quando vi minha filha saindo lentamente da barriga da mãe (foi cesariana). Os olhinhos fechados, seguido do tradicional tapinha na bunda fizeram soar pela sala de cirurgia o choro inaugural. Começavam ali os primeiros acordes de sua vida.

um doce presente da vida (foto de Anne Geddes)

Estes são apenas alguns pedaços doces de minha vida. Acrescentarei a eles o mel produzido pelas abelhas, que são o tema principal do tecido desenvolvido para a marca de roupas e acessórios femininos (A)NNEXE.


 Durante a reunião, a cliente mostrou-me algumas imagens de inspiração para a linha de quadriculados que ela queria fazer. Capturei estas imagens com o meu I Fone para poder depois desenvolver a estampa.


Este rhoug foi feito pelo cliente, na reunião de briefing.


Este broche do cliente foi apresentado na reunião de briefing e serviu de inspiração para a abelha do tecido.


As abelhas têm como tema central de suas vidas a produção do mel. Elas fazem parte de uma espécie que leva uma vida extremamente organizada, cabendo a cada uma um papel definido, o qual cumprirá com rigor até os últimos momentos de vida.


Existe somente uma abelha rainha para uma centena de zangões e uma infinidade de operárias. Aos machos cabe apenas a função de tentar fecundar a rainha, que por sua vez, não admite concorrência. No caso de haver duas abelhas-rainha, existe um embate onde uma vive e a outra morre.

sapatos dignos de uma abelha rainha, by Alexander McQueen

E um dado curioso: apenas as abelhas fêmeas trabalham, enquanto os machos ficam ao bel prazer, de olho na rainha, à espera de poderem fecundar a soberana: " delícia, delícia, ai se eu te pego...."

o zangão curte um som, enquanto as colegas trabalham, no foto portal

Em nosso tecido podemos ver algumas abelhas voando, em meio ao fundo quadriculado, em busca de um lugar para edificarem o seu favo de mel.


A base do tecido é o tafetá, cujo fundo foi construído com fios de lã off-white, e o desenho feito também em lã nas cores preto e vermelho.


Olha que interessante achei em uma rua do Brooklin - São Paulo: este poste, que mais parece uma abelha. E o interessante: este poste fica em frente a uma padaria!


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