11 de ago. de 2012

O coveiro

Bird funeral by Ania Tomicka

Tem certas horas na vida que, se você não pode trazer vidas a este mundo, que pelo menos não colabore para tirá-las. Foi exatamente isto que fiz naqueles dias.

Como você já deve saber a esta altura do campeonato, tenho dois irmãos, sendo o mais velho, José Augusto, e o mais novo, André Luis. Eles haviam ganhado de presente, cada um, uma espingarda de chumbinho.


A ideia me parecia totalmente descabida, já que o uso de uma arma destas só poderia vir a trazer baixas; que seja de frutas no pé, quando feitas de alvo; caixas de marimbondo, o que seria um perigo; ou então passarinhos. Pois estes últimos foram o alvo escolhdo por meus irmãos.

Minha avó paterna, Rosa, tinha à época a sua chácara nos arredores da cidade. E foi para lá que os dois seguiram para testar o seu alvo. Talvez fazer uma competição para ver quem tinha a melhor pontaria. A fazer-lhes companhia, alguns amigos, loucos para testar o poder de fogo das armas.

Eu não poderia compactuar com aquilo. Manifestei o meu repúdio, mas não me deram ouvidos. E já que não poderia fazer nada a respeito, só me restou acompanhá-los na "aventura" para fazer o papel de coveiro. Sim, coveiro. Apesar de não ter nenhuma habilidade ou experiência na função, o meu amor à vida obrigou-me a aprender o ofício na prática.

Lá fui eu naquela tarde atrás do bando. Apesar de não ter nenhum poder sobrenatural, torcia para que eles não conseguissem matar uma mosca sequer. Mas, como sabia que aquele desejo seria praticamente impossível de ser realizado, tratei de levar uma caixa de sapato vazia que faria as vezes de um caixão coletivo. Conforme as aves fossem sendo abatidas, as colocaria na caixinha e no final do abate, trataria de providenciar o enterro. Para isto, cavei com as próprias mãos e a ajuda de algumas pedras pontiagudas o que viria a ser a cova. Ao final, reuni as pequenas aves abatidas na caixinha que forrara com areia fofa, e por sobre elas coloquei algumas flores apanhadas nos pés. Antes de colocar a tampa, fiz uma oração seguida do sinal da cruz e desci a caixa ao buraco. Cobri o mesmo com a mesma terra que havia retirado do chão; coloquei dois gravetos em forma de cruz e deixei o local, certo de que havia ajudado a encaminhar aquelas pobres almas ao Paraíso. "Descansem em paz", foi o que desejei.


Para ilustrar o texto acima com os trabalhos que desenvolvo, escolhi as etiquetas bordadas e os metais personalizados que desenvolvi e produzi para a marca de roupas infantis V.I.C / VERY IMPORTANT CHILDREN.


As etiquetas produzidas são diversas, sendo algumas com dobra nas pontas e outras com dobra ao meio. Note que existem duas etiquetas: a principal, com o logo e a de numeração (dobra ao meio), costurada na lateral direita da mesma.


Já as plaquinhas de metal são duas: uma retangular com o logo V.I.C...


...e outra em formato de uma máquina fotográfica, que é a nova logomarca da empresa. Ambos os metais foram feitos em dois banhos diferentes: níquel e ouro.



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