8 de ago. de 2013

Tomie, a gente se vê por aqui


Eu lhe procurei, Tomie, por toda a cidade.

Rodei por aí para ver se lhe encontrava.

Moramos na mesma cidade, então, por que não?

Comecei a busca pelo metrô e lá estava você parada na estação Consolação, vestida de uma gama de cores que ia do amarelo, passando pelo laranja, vermelho, verde e azul. Sua veste era toda bordada em pastilhas.


E para que não venham a dizer que encontrei a mulher errada, que me enganei, que a confundi com outra pessoa, lá estava o seu nome grafado em pastilhas pretas: Tomie.

Animado com o encontro, busquei você em outros lugares.

De passagem pela avenida 23 de Maio, dentro de meu carro, avistei você deitada no canteiro central, toda exibida, tomando Sol. As suas curvas eram insinuantes, provocantes, cheias de uma brasilidade que mataria de inveja qualquer mulata de escola-de-samba.


Depois destes dois encontros, enchi-me de coragem e liguei para o seu fiel escudeiro; propus um encontro em algum lugar bucólico, que possibilitasse reflexão e meditação. O mesmo sugeriu-me que poderíamos nos ver no Parque Ibirapuera; mais precisamente no Auditório Ibirapuera. Lá fui eu. Entrei no saguão do Auditório e não acreditei no que vi. Falei comigo mesmo: "esta japonesa é mesmo abusada!". Não poderia dizer outra coisa ao avistá-la dependurada no teto, de ponta cabeça, vestida de vermelho tomate.


Conversamos sobre formas, cores e texturas. Você provocou-me, dizendo-me: "encontre o seu estilo. Ele mora dentro de você".

Já na condição de amigo, liguei novamente para a sua casa. O fiel escudeiro informou-me que você estava viajando. Perguntei para onde e ele prontamente respondeu: "Japão. Tomie foi para o Japão".
Certo dia, folheando uma revista, dei de cara com você novamente. Estava de pé, em posição de infinito, sobre a grama de uma praça pública de Tokyo, observando um casal de namorados sentado em um banco próximo a você.


É isto aí, Tomie, mostre aos seus conterrâneos que a vida pode ser infinitamente maior do que só trabalhar.
E vê se volta logo. Já estou com saudades.


TOMIE, A GENTE SE VÊ POR AQUI é uma homenagem que presto à artista plástica Tomie Ohtake. Quase centenária - faz cem anos no próximo dia 21 de novembro -, Tomie continua na ativa, enchendo os nossos olhos de alegria e encantamento, com suas suas obras de arte espalhadas por diversos cantos da cidade.

Desta forma, podemos dizer que Tomie está presente ao dia-a-dia de muitos paulistanos, seja enquanto aguardam a chegada do próximo trem do metrô; seja enquanto passam pela 23 de Maio, indo ou voltando de algum lugar; ou quando vão assistir a algum espetáculo no Auditório Ibirapuera.

Para ilustrar o conto, escolhi uma etiqueta e uma fita de presente que desenvolvi e produzi para uma marca de roupas e acessórios feminina que foi destaque no bairro Jardins, em São Paulo, nos últimos anos. Seu nome: MANDARINNA.



Como cenário, escolhi um lugar que tem tudo a ver com a vida e a obra de Tomie Ohtake. Fui na última tarde de sábado até ao Instituto Tomie Ohtake, um importante centro de difusão da cultura brasileira contemporânea, localizado em Pinheiros, São Paulo.

O edifício em si já vale o passeio. De longe, a gente já se depara com aquele gigante vermelho e roxo, de traços futuristas, estacionado na rua Coropés, 88.












































Em frente ao edifício há um espelho d'água. Foi lá que fiz estas fotos.







Recado do dia: Se é verdade que na vida não cabe ensaios, permita-me ao menos apagar os trechos que deram errado.


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