17 de ago. de 2013


A cada post, quero brindar o meu leitor com um texto intrigante, interessante, que acrescente algo a sua vida. Assistindo outro dia a uma entrevista de Maitê Proença, a mesma falava sobre a sua peça em cartaz no Teatro FAAP.

Em dado momento ela fez uma afirmação que pareceu-me bastante pertinente sobre a função do espetáculo. Disse que pretendia, com sua peça, que os expectadores, após assisti-la, saíssem do teatro diferentes do que quando entraram. É exatamente isto que eu pretendo com meus textos.

O post de hoje retrata uma fita que desenvolvi e produzi para a designer de acessórios PAULA FERBER. Ela traz estampada a figura do abacaxi, que é o seu logo. Confesso que desta vez a minha cabeça deu um nó. Fiquei pensando: "o que vou escrever? falar sobre abacaxi?".

Tentei tirar da memória alguma estória que tivesse a ver com a fruta, mas nada...Foi então que resolvi consultar alguns escritos que deixo guardados para uma oportunidade.

Pronto. Encontrei um que começa falando de comida, paladar, gosto doce, amargo. Acho que vem a calhar.

Com vocês então, o conto resgatado.

VOCÊ TEM REMÉDIO

Tem comida que ao paladar do outro é doce, mas que, se provarmos, nos sufocaremos em meio ao sal.
A piada que faz a platéia inteira gargalhar, pode parecer-lhe o fio condutor de um grande drama por vir.
Quem nunca sentiu frio quando a temperatura lá fora convida para um banho de piscina.
Às vezes viajamos para lugares tão paradisíacos, cujas paisagens se encaixam à perfeição a um porta-retrato mas que, quando olhamos de perto, vemos somente o pó que restou de uma hecatombe.
Não dá para medir-se com a fita métrica que tirou as medidas do paletó do vizinho.
O pijama do marido da viúva não vai caber na cintura de seu novo amor.
O que você escreve em português bem claro, pode ser que eu não entenda uma palavra se quer.
A personagem escrita para você pelo dramaturgo da Globo e que foi o divisor de águas em sua carreira, certamente vai transformar-me em um charlatão, caso queira interpretá-la.
Toda receita somente dá certo se você seguir com todas as letras o que não está escrito lá.
Por isso, só existe uma maneira de você correr o risco de dar certo na vida. Olhar para dentro de si e enxergar-se sem preconceito.
Procure pela bula que está guardada em uma das artérias de seu coração. Somente ela poderá dizer-lhe a sua função, para o que serve e também as contra-indicações existentes nos componentes que - reunidos - formam a sua pessoa. Caso não entenda algo do que lá está prescrito, procure a ajuda de um médico; ou melhor, de um bom terapeuta.
Uma coisa é certa: você tem remédio.

Como é difícil encontrar o tom. Saber ao certo o que fazer para acertar; ou pelo menos, errar menos que acertar.

A experiência de vida é algo muito singular. O que funciona para um, pode não funcionar para o outro. O remédio que dá certo para um, pode não fazer o efeito desejado em outro.

Para ilustrar o texto VOCÊ TEM REMÉDIO, escolhi, como já dito no início do post, a fita desenvolvida e produzida para a designer de acessórios de luxo PAULA FERBER.



Esta fita foi uma criação do Bureau Brasileiro, que confiou a mim o desenvolvimento e produção da peça. Ela é utilizada como fita de presente da marca.

Fui até a loja de Paula especialmente para fazer as fotos da embalagem. Confira.







Recado do dia: O dinheiro como meio, liberta. O dinheiro como fim, escraviza.


Um comentário:

  1. Beto, querido, gostei da fita, do abacaxi e do conto. Você tem a habilidade de juntar pensamentos, atitudes, imagens. E isso é ser escritor, além de designer dos bons! Beijos da Dalva, sempre com admiração.

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