10 de ago. de 2013

Ressurreição

Cama Voadora (1932).Frida Kahlo

Lidar com as perdas. Seguir em frente, sem olhar para trás. Será isto possível? Será que a gente pode reconstruir algo a partir daquilo que um dia já fora edificado?

Reformar a vida funciona? O resultado fica bom? Ou a casa fica parecendo como estas que acabam virando monstrengos, dadas tantas modificações que não respeitaram o projeto original?

A gente tem que ter cuidado com as modificações que fazemos em nossos próprios corpos, mentes e almas. Deus nos livre de acabarmos parecendo aquelas mulheres e homens que, de tanto esticarem a pele de seus rostos, acabam ganhando uma identidade oriental.

Todos nós, presumo, independente da quilometragem já percorrida, tivemos, temos ou teremos algumas perdas. Não falo aqui das materiais. Falo da perda de entes queridos, como avós e pais; perda de nossos descendentes naturais, como filhos; perda de animais de estimação, que dada a convivência acabaram adquirindo algum traço físico nosso; perda de nossos amores, seja pela morte ou pela perda de interesse de ambos ou de um dos companheiros.

Como seguir em frente? Como caminhar levando na bagagem estas perdas?

Qual o tamanho e peso desta bagagem? Ela caberá nos compartimentos disponíveis nos meios de transporte escolhidos para os trechos a serem percorridos?

Aonde colocá-la quando finalmente chegamos aos destinos? Poderemos abri-la de vez em quando para matarmos a saudade, ou melhor deixá-la fechada para todo o sempre? Conseguiremos sobreviver a estas lembranças caso não suportemos a angústia da espera e acabemos por abri-la algum dia?

Olhar para a frente sem nos perdemos com os restos de histórias mal-acabadas ou inacabadas talvez seja para muitos de nós um grande desafio. A gente sepulta o sentimento perdido, mas ele dá um jeito de escapulir da catacumba para vir nos assombrar.

A gente coloca o nome da perda numa lápide com data de nascimento e morte, mas quando olhamos para o lado, lá estão os fantasmas nos dando tchauzinho.

Eu quero acreditar que eu, você e todos aqueles que já perdemos partes de nós mesmos pela ausência de nossos amores sejamos capazes de nos regenerarmos; de nos reinventarmos; que tenhamos células suficientemente poderosas para cicatrizarem as nossas feridas. E que tenhamos a possibilidade e a sabedoria de jogarmos água-benta nestas cicatrizes, na esperança e fé de que um dia um milagre aconteça. O milagre da ressurreição de nossos corpos, mentes e almas.

RESSURREIÇÃO nasceu de um momento de dor. A dor de ter revivido uma perda através de um sonho. Ele trouxe-me de volta sentimentos que eu acreditava que já não estivessem mais vivos.

Apenas o transformei em post porquê acredito que este conto traga em si uma mensagem de fé, de esperança; e mais do que isto, de transformação, renovação, transmutação.

É preciso que renasçamos. Sempre, e apesar de tudo e de todos que já partiram literalmente ou metaforicamente falando.

Vida! Viva!

Para ilustrar o conto, apresentarei agora um trabalho que desenvolvi para a loja de roupas sofisticadas TERANA, comandada por THEREZA SANTOS. Esta loja é referência de roupas sofisticadas, incluindo aí uma linha exclusiva de vestidos de festa, no Alto da Lapa, em São Paulo.




Foi para ela que criei, no Natal de 2004, duas fitas de presente para serem usadas nos pacotes de presentes de Natal.

Estas fitas são tão sofisticadas, que duvido que alguém que as recebesse junto com o presente, tivesse a coragem de jogá-las fora. Com certeza as guardaria para sempre como lembrança de um momento de vida muito especial.

Utilizei como cenário para as fotos um presépio que herdei de minha avó materna, a minha querida vovó Nena. Ele é composto das figuras de Nossa Senhora, São José e do Menino Jesus. Feitos em barro e pintadas de cores vivas, as figuras têm traços fisionômicos bem brasileiros. Se dizem por aí que Deus é brasileiro, por que não retratá-los com a cara da nossa gente?






Esta primeira variante traz em destaque o fio ouro metálico.







Esta variante da fita traz em destaque o fio verde metálico











A segunda fita, cujos desenhos são fitas de presente, têm destacados os fios cobre metálico (variante 1) e amarelo metálico (variante 2).









Recado do dia: A vida é assim mesmo: você toma vacina para a gripe A. Aí vem a B e lhe derruba.





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