5 de abr. de 2013

Rastro


A marca do pecado estava lá,
impressa na borda daquela taça de vinho abandonada à mesa
Não resta dúvida de que aquele meio coração pintado de rosa
era seu
Tantos anos de convivência valeram para alguma coisa
Eu já decorara, inclusive, o nome da cor: rive gauche 36
Você pode vir a negar três vezes como Pedro o fez a Jesus,
mas não tem Cristo que me fará acreditar em você
Aquela taça ainda com um resto de vinho contava tudo
o que eu precisava saber
Não precisa ser um sommelier para entender
que ela cheirava à mais pura traição


É meus amigos, acho que aos poucos vou dando um jeito de costurar neste blog um pouco de todas as minhas paixões: a escrita, os desenhos e pinturas, arquitetura, fotografia, história da arte e - mais especificamente - história da cidade de São Paulo. Para fazer a costura de tudo isto, utilizo-me como linha de costura o meu trabalho de desenvolvimento e produção principalmente de etiquetas e tecidos jacquard.
Coincidência ou não, primeiramente criei esta poesia, que em certo trecho fala de uma passagem bíblica, quando Pedro nega a Cristo três vezes. Quando a fiz, não estávamos perto da Páscoa. Aí resolvi buscar um local especial para fotografar o tecido desenvolvido para a marca de acessórios MEZZO PUNTO.


Por alguma razão que desconheço, pensei em fazê-lo na Capela do Morumbi, local que conhecera há muitos anos o qual achara bonito. Foi quando decidi, neste feriado de Páscoa, fazer este post. Se formos analisar, ele pode ser considerado uma homenagem à esta data tão importante para os católicos. E o mais emocionante é que lá existe um afresco feito pela pintora Lúcia Suanê, que retrata a cena de batismo de Cristo. Uma feliz Páscoa a todos vocês.
 


O tecido foi criado pela minha amiga, consultora e palestrante de moda, Cristina Sant'Anna. Conhecedora que é de meu trabalho, Cris chamou-me para desenvolver este tecido, feito especialmente para a renomada marca de calçados MEZZO PUNTO. Fizemos cinco variantes de cores, todas em acordo com a cartela de cores que estava sendo trabalhado para aquela estação. Eis o resultado.













A Capela do Morumbi é uma edificação proveniente de um restauro feito pelo arquiteto Gregori Warchavchik, aproveitando-se de uma ruína cujas paredes remanescentes eram feitas com a técnica de taipa de pilão.









A origem da construção e à que ela se destinava é objeto de conclusões controversas, uma vez que não se tem registro histórico sobre a mesma. O documento mais antigo encontrado, datado de 1825, registrava o terreno como propriedade do inglês John Rudge, que ali se dedicava ao cultivo do chá.



 







Ao fazer o restauro do local, Warchavchilic, acreditou ser a construção resquício proveniente de uma antiga capela e, desta forma, completou a edificação com alvenaria de tijolos. Foi então que ele convidou a pintora Lúcia Suanê para fazer o afresco, que retrata a cena de batismo de Cristo, rodeado por anjos, cujas fisionomias são de índios.










  
A taipa de pilão "é um sistema rudimentar de construção de paredes e muros. A técnica consiste em comprimir a terra em formas de madeira no formato de uma grande caixa, denominadas de taipas, onde o material a ser socado é disposto em camadas de aproximadamente quinze centímetros de altura. Essas camadas são reduzidas à metade da altura pelo processo de apiloamento. Quando a terra pilada atinge mais ou menos 2/3 da altura do taipal, recebe, transversalmente, pequenos paus roliços envolvidos em folhas, geralmente de bananeiras, produzindo orifícios cilíndricos denominados "cabodás" que permitem o ancoramento do taipal em nova posição." (WIKPÉDIA)
E foi em um destes orifícios redondos que eu fotografei o tecido.





Frase do dia: O pecado mora ao lado. E finge que não me conhece.

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