cena do filme Manequim |
As feministas de plantão vão querer me matar. Afinal, foram tantos anos de luta, armadas com sutiãs queimados em praça pública, para vir um marmanjo dizer que já foi apaixonado por uma manequim. Sim, uma manequim, destas de plástico que a gente se cansa de ver nas vitrines das lojas.
Mas esta era diferente. Pelo menos aos meus olhos. Eu era jovem, tinha por volta de vinte e um anos, e trabalhava como redator em uma pequena agência de publicidade na rua Augusta. Foi lá, por sinal, que conheci Adriana, mãe de minha filha Marina.
Fazia o mesmo trajeto de ida e volta ao trabalho todos os dias. Invariavelmente cortava caminho atravessando uma galeria, situada entre as ruas Haddock Lobo e Augusta.
Foi lá que vi a tal manequim. Posso dizer que foi amor à primeira vista. Loira, alta, esbelta, de olhos azuis, era a encarnação de uma deusa. Seus cabelos batiam na altura dos ombros e eram anelados, repartidos de lado, deixando cair à testa uma franja. Todas as vezes em que lá passava, dava uma paradinha para admirá-la. Vi a mesma vestida de todas as maneiras, com roupas de todas as estações. Não preciso dizer que ela estava sempre na moda.
Claro que nunca contei isto a ninguém. Até pouco tempo atrás, não teria a maturidade suficiente para aguentar as chacotas que poderiam vir de tal confissão.
Mas agora, maduro, solteiro, solto na praça, não tenho porquê esconder esta antiga paixão. Depois dela, conheci várias e várias garotas de carne e osso. Algumas tão belas, outras nem tanto.
Hoje, acredito eu, a manequim já deva estar aposentada, jogada em algum velho porão, ou quem sabe, virou sucata e foi reciclada. Se em atividade, naquela loja, hoje ela teria idade para ser vovó.
Prefiro guardá-la em minha memória como a boneca loira por quem me apaixonei perdidamente. Tão perdidamente que - de fato - nunca namoramos de verdade.
Para ilustrar o conto acima, escolhi uma etiqueta que desenvolvi e produzi para uma marca de lingerie chamada PLAISIR DE LA PEAU. Ela é dobrada ao meio, tendo de um lado o logo e do outro a razão social e o CNPJ.
A mesma foi produzida em duas variantes de cores: fundo branco e fundo preto.
O cenário escolhido para as fotos - a tradicional Rua São Caetano - não poderia ser mais propício ao assunto em questão.
A Rua São Caetano, em São Paulo, é tradicionalmente conhecida como a Rua das Noivas. Ela deve ter, em toda a sua extensão, aproximadamente 2 quilômetros. Lá podemos encontrar de tudo um pouco: vestidos de noivas; madrinhas e convidadas; damas-de-honra; pajens; noivos; padrinhos e convidados; todo tipo de acessórios; tecidos voltados ao segmento; gráficas especializadas em convites de casamento; casas especializadas em artigos e produtos relacionados ao tema. Depois de um certo ponto, a rua se transforma em ponto de venda e troca de máquinas de costura e também de manequins.
A Rua São Caetano é uma mistura de tudo o que pode existir de mais brega, cafona, e também de produtos legais, com estilo e bom gosto. É um retrato do Brasil.
Beto e Mara: Nossa, e eu não sabia que amava Mara... |
Frase do dia: Quer prova maior do que esta de que somos o produto do meio em que vivemos.
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