Julho de um ano qualquer da década de 70. Férias escolares. Início de uma manhã. Família reunida. Ford Galaxie Landau azul- marinho na estrada. Começava ali mais uma de nossas viagens. Desta vez iríamos explorar o sul do país. Cidades como Curitiba, Joinville, Blumenau e Caxias do Sul estavam em nossa rota. Antes de seguirmos viagem vou apresentar-lhes os ocupantes daquele veículo: na direção, papai; ao seu lado,mamãe; atrás, por ordem alfabética, André Luis (o filho mais novo), Carlos Alberto (eu, o do meio), José Augusto (o filho mais velho) e por fim, Dora, a nossa babá. A bem da verdade, Dora era o apelido do que eu e meus irmãos achávamos ser o seu nome, Doralice. Seu verdadeiro e difícil nome porém era Deronice. Ah, e já ia me esquecendo de apresentar-lhes o nosso convidado de honra: Roberto Carlos. Sim, Roberto era a paixão que mamãe não fazia questão de esconder de papai. Para ela, sem Roberto, simplesmente não se viajava. Foi assim, ouvindo repetidamente cada uma de suas canções, que também passei a ser - por osmose - seu fã. Adorava "quando eu estou aqui, vivendo este momento lindo...olhando para você e as mesmas emoções sentindo...." As músicas de Roberto eram a trilha sonora que embalava cada um dos quilômetros por nós percorridos.
Só lhe dávamos descanso quando meu pai era obrigado a parar o carro por ter excedido a velocidade máxima permitida, ou quando parávamos nos postos de gasolina para um rápido xixi. Para comermos não era preciso parar em lugar algum, já que mamãe se esmerava em preparar deliciosos sanduíches de queijo e presunto, além de frutas e bolachas variadas, sempre presentes. Feitas as devidas apresentações, podemos agora seguir viagem. Esta, em especial, ficou na minha lembrança por diversas razões. Algumas boas e outras não. Marcou-me profundamente um acidente que tivemos na entrada de Curitiba. Estávamos parados atrás de um caminhão, a espera da abertura do semáforo. Quando este se abriu, o caminhão inciou uma conversão à direita. Ao ver que era contra-mão, simplesmente engatou ré e foi engolindo a frente de nosso carro como se fosse um jacaré faminto. A situação só não foi mais grave pelo fato de o Galaxie - para quem o conhece - ter a frente bastante proeminente, dando-nos tempo para abandonarmos o veículo, enquanto meu pai sozinho, buzinava e gritava feito um louco na esperança daquele irresponsável parar a manobra. Isto não aconteceu e o mesmo fugiu quando viu o estrago que fizera. Este foi, sem dúvida, um de meus primeiros traumas. Jurei ali mesmo que nunca viria a dirigir um carro. Anos depois, quebrei o juramento. Hoje dirijo pra lá e pra cá. Nesses anos todos Roberto nunca apareceu para pedir-me carona. Se isto vier a acontecer, direi-lhe que sim, desde que me cante uma de suas mais belas canções. Detalhes: se você quiser saber sobre minha mãe, ela continua linda, firme e forte.
Depois de algumas viagens, trocou (que maldade!) Roberto por Julio Iglesias. Hoje, não viaja mais com nenhum dos dois. A lhe fazer companhia, somente o bom e velho José, seu marido.
Depois de algumas viagens, trocou (que maldade!) Roberto por Julio Iglesias. Hoje, não viaja mais com nenhum dos dois. A lhe fazer companhia, somente o bom e velho José, seu marido.
Para dar a dimensão do que foi o Galaxie, vou mostrar abaixo um ensaio feito nos anos 70, quando a Rhodia convidou a Ford para juntas realizarem esta série de fotos com o tema arte-moda-automóvel. Confira os looks e os gráficos aplicados aos galaxies!
Eu fiz você embarcar comigo nesta viagem para apresentar-lhe três tags de papel muito especiais que fiz para a marca de roupas e acessórios feminina KANDINSKY. O primeiro deles tem o formato da letra K, e foi feito em duas variantes de cores: a primeira delas apresenta a frente cereja e o verso em hot-stamp dourado...
...e a outra variante tem a frente uva e o verso em hot-stamp prata.
Os outros dois tags são da linha black label: um deles tem o fundo preto, em forma de um coração, apresentando de um lado o logo Kandinsky, em hot-stamp prata e do outro a inscrição black label; since 1998.
O último tag é retangular, tendo em um dos lados o K e a inscrição black label; since 1998; e do outro, o site da empresa.
Esta belísissima etiqueta também é feita por mim. Veja que lindo é o fundo da mesma, todo trabalhado com o desenho do logo em fio da mesma cor.
A Kandinsky, bem como o Roberto Carlos, acredita na força dos detalhes.
Ps: As imagens vintage relativas ao galaxie foram extraídas do site: http://www.amigosdogalaxie.com.br
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