"- Pai, eu não gostei nada desse seu carro azul-marinho.", disse eu, olhando com desprezo para o carro que ele acabara de comprar.
"- Por que, filho? Ele é lindo!", disse meu pai, passando a mão delicadamente sobre o capô, como se fosse um troféu.
"- Olha, lindo mesmo é o vermelho que o tio Coló comprou. E sabe de uma coisa, eu vou me mudar para a casa dele.". Esse era o Betinho, com aproximadamente sete anos, ao ver que seu pai comprara um Ford Galaxie azul-marinho e seu compadre Coló (Claudino Marçal) comprara um igual, só que vermelho.
Vermelho era a minha cor preferida e eu não poderia perdoar o meu pai por ter escolhido o azul-marinho. Você pensa que eu estava brincando? De forma alguma.Depois daquele dia a minha vontade, toda vez que via o Galaxie vermelho estacionado na garagem de tio Coló (que era nosso vizinho), era pegar as minhas malas e me mudar de vez para lá. Cheguei a sonhar que isto tinha acontecido. O Galaxie vermelho era incrível. O assento em couro bege (off-white) fazia toda a diferença. Já o carro azul-marinho de meu pai, com seu banco de couro preto, a meu ver, não tinha a menor graça: era discreto demais. Pois eu não sosseguei enquanto tio Coló não me convidou para dar uma volta. E lá fui eu no banco da frente (naquela época não existia essa de criança não poder andar no banco da frente), olhando para cada pessoa que passava por nós de carro, bicicleta, charrete ou a pé, admirando aquele monumento vermelho que competia em brilho e cor com o astro Sol. Acho que este foi o primeiro evento que me fez enxergar a importância que as cores exercem em nossas vidas. E como diz aquele ditado: o que seria do vermelho se não fosse o amarelo. Pode trocar o amarelo pelo azul-marinho que combina melhor com o texto.
A bem da verdade, eu nunca perdoei o meu pai por esta escolha equivocada. Aquela decepção ficara definitivamente gravada em minha cabeça e somente foi resolvida muitos anos depois, quando já adulto, pude escolher a cor de meu próprio carro. E adivinhe a cor escolhida? It's red, man. Para decepção de meu pai - e de muitos outros - eu tinha a oportunidade de escolher entre o preto e o vermelho. Mas cor, meu amigo (a), a gente não decide com a razão. A gente escolhe com o coração. O meu sempre vai de vermelho.
A partir de agora você vai poder ver uma série de fotos onde o que predomina, ou dá o tom, é o vermelho.
O texto acima me dá a oportunidade de apresentar o tecido desenvolvido e produzido para a marca de roupas e acessórios feminina SHOULDER. Mas não vá pensando que o tecido feito é vermelho. Eu sei bem separar as coisas. Tecnicamente falando, ele é um tecido marca d'água, em urdume preto, cuja cor de fundo é gengibre escuro.
Ele foi usado como forro das bolsas criadas pela marca. Só um detalhe:o tecido feito pode não ter sido vermelho, porém o carro que me levou até o cliente para aprová-lo, o é.
Nenhum comentário:
Postar um comentário