"Quem acertar primeiro a flecha na testa do Papa, ganha o jogo.". Foi com estas palavras que meu irmão mais velho, José Augusto, deu por iniciada a partida. O jogo consistia em tentar acertar a flecha de pressão na testa do Papa Paulo VI.
Os irmãos metralha, como éramos conhecidos eu e meus dois irmãos, Guto e André, havíamos ganhado três pistolas com flechas de pressão que - uma vez disparadas - ficavam presas ao alvo pela pressão exercida pela ponta feita de látex.
O tal Papa que serviria de alvo era um quadro que vovó Rosa havia trazido de viagem à Roma, e que dera de presente à papai e mamãe. Ele trazia a foto do Papa Paulo VI com aquela cara de santo que só ele tinha e, abaixo da foto, a sua assinatura. Segundo vovó, o próprio pontífice havia benzido o quadro.
Quem conheceu o Papa Paulo VI sabe que sua principal característica física era a testa proeminente. Igualzinha a minha. Papai e mamãe não se cansavam de comparar a cabeça do pontífice à minha. "Sinal de inteligência", diziam. Será mesmo?
Bem, voltando à brincadeira, após retirarmos o sofá que ficava abaixo do quadro, nos posicionamos lado a lado, à uma certa distância do alvo, e iniciamos a prova.
Algumas flechas insistiam em acertar a parede; outras, algumas partes do quadro, que não a testa do Papa. Após algumas tentativas frustradas, um tiro vindo de uma das armas acertou em cheio o coração do pontífice, fazendo com que o vidro que protegia a foto trincasse em diversas partes.
"Meus Deus!", exclamamos os três em uníssono.Por quê o Papa havia feito aquela maldade com a gente? O que seria de nós agora? Nossos pais iriam nos matar quando vissem aquilo. Pensamos em várias soluções para resolver o problema, desde tirarmos todo o vidro, até colarmos as partes. Mas nenhuma das soluções encontradas colava bem. Foi então que resolvemos mostrar o ocorrido primeiramente à nossa mãe, que ficou gritando feito uma louca segurando o quadro na mão e depois, ao nosso pai, que nos encheu de palmadas e nos deixou de castigo por alguns dias. Ao final de tudo, achamos que o Papa havia encontrado uma maneira de se vingar da gente. Justo de nós três, que não fazíamos mal a uma mosca se quer.
Mas ficou o aprendizado: com Papa não se brinca.
Esta história tão familiar , caseira, inspirou-me a apresentar-lhes as duas etiquetas e a fita de presente que fiz com muita honra para a DONATELLI CASA.
Mas ficou o aprendizado: com Papa não se brinca.
As etiquetas foram utilizadas em uma série de produtos para a casa, como necessaires, frasqueiras e bolsas. Já a fita, servia para dar o laço nos enxovais e presentes vendidos na loja.
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