29 de nov. de 2012

Prato do dia


O set de filmagem estava montado. A claquete informava: cena 1: jantar em família. O diretor deu o comando: "gravando!". Os atores começaram a atuar.

Na mesa do restaurante do hotel Caesar Park, na rua Augusta (hoje já fechado), a família Tozzi estava reunida. Pai, mãe e os três filhos.

No papel principal, Beto (o filho do meio). Atores convidados: José (pai), Wilma (mãe), Guto (filho mais velho), e André (filho mais novo). Participação especial: o garçom.

A família conversava sobre os principais assuntos e acontecimentos do dia. O sábado havia sido dedicado à passeios, mais especificamente à compras feitas no shopping Iguatemi.

Beto, devidamente sentado à mesa, levanta o braço direito, chamando o garçom, que se aproxima.

- "Garçom, onde fica o toilet?" - Toilet, na visão de Beto (na época um adolescente por volta de  seus 15 anos), era a palavra mais propícia para se designar banheiro em um restaurante chique como aquele.

- "O Sr. pode seguir até aquela porta à esquerda. O toilet fica na segunda porta à direita".

Beto não entendera direito onde ficava "aquela porta à esquerda", porém não o diria ao garçom, já que não era hábito seu dizer "não entendi, pode repetir?". Ele achava que quando dizia a alguém "não entendi", esse alguém poderia achar que  ele fosse burro, ou tivesse algum problema maior. Por isso, ele sempre dizia "OK" ao que não entendia, e assumia para si  os riscos dos desdobramentos de tais desentendimentos.

E foi desta maneira que ele levantou-se e caminhou em direção ao que entendera ser a "porta à esquerda". O restaurante, à esta altura da noite, encontrava-se cheio; praticamente todas as mesas estavam ocupadas.

Em determinado ponto, Beto parou diante do que entendera ser uma outra pessoa vindo de frente para ele. Fazendo uso de sua educação de quase lorde inglês, ele parou para dar passagem ao "outro". Só que o "outro", provavelmente por também ser educado, parara a sua frente, aguardando a sua passagem.

-" Por favor, pode passar" - disse Beto, acompanhado de um leve gesto de concessão feito com sua mão direita.

Diante do silêncio do "outro" à sua frente, ele repetiu, desta vez, olhando para o rosto do "desconhecido":
- "Pode passar, por gentileza". Mais uma vez o "outro" ficou parado. Foi quando Beto finalmente entendeu que o que estava vendo à sua frente nada mais era do que a sua própria imagem refletida no espelho. Não se dera conta até aquele momento de que as paredes do restaurante eram todas decoradas com espelhos delimitados por filetes de madeira que imitavam pórticos.

Ao olhar ao seu redor, Beto vira que o restaurante inteiro estava olhando para ele, dando gargalhadas. Ele havia se transformado sem querer no prato principal daquela noite.

A câmera à sua frente deu um close-up em seu rosto que misturava em igual intensidade espanto e vergonha.

- "Corta!" - ordenou o diretor, aplaudindo com entusiasmo a atuação do elenco.

O prato principal já foi servido à cima. Apresento agora a sobremesa. No cardápio, aparece em destaque um galão que desenvolvi para a rede de churrascarias de alta gastronomia BARBACOA. Ele tinha por objetivo vir a ser usado nos uniformes da brigada de garçons, em detalhes como barrado das vestimentas, fechamento de mangas de camisa, entre outros detalhes. Ele foi desenvolvido em duas variantes de cores: fendi e cinza.

Fiz questão de levar os galões à BARBACOA do Itaim, em São Paulo, para que eles pudessem apreciar de perto as maravilhas da casa. Almoçamos no maior estilo. Confira agora. As fotos são de deixar água na boca.


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