22 de nov. de 2012

A primeira vez de Júlia


Júlia entra no prédio da Bienal de São Paulo. É final de tarde. Início da primavera. O público presente à exposição mistura-se aos grupos organizados de corredores que fazem daquele local a sua pista de corrida.

Os raios de Sol incidem na ampla parede de vidro que dá entrada ao prédio projetado por Oscar Niemeyer. Ao cruzar a porta de entrada, Júlia dá de cara com um amplo salão à sua frente. "Por onde começar?", pergunta-se. Resolve seguir em frente, contornando a parede de vidro por onde entrara.

As artes em geral nunca estiveram entre suas melhores amigas. Desde cedo, o pai, amante da pintura, quisera introduzi-la aos pincéis, tintas e telas, mas a sua morte precoce fizera com que a menina se mantivesse distante daquele mundo de cores duvidosas e de difícil interpretação. Preferira preencher a ausência do pai com coisas mais palpáveis, mais óbvias, menos capciosas.

Agora, com os seus recém completados quarenta anos, decidira aventurar-se sozinha pelos salões da Bienal em busca do tempo perdido. Queria ver com seus próprios olhos e poder entender o que de fato encantava tantas pessoas ao redor do mundo. Por que será que a cada exposição na cidade - pensava -, filas e filas de pessoas se formavam à espera da oportunidade de ver de perto obras de autores consagrados? Como pessoas poderiam permanecer duas, três horas ou mais de pé, à espera de chegar a sua vez?

Passos vagarosos, guia da mostra à mão, Júlia ia passeando os olhos curiosos pelas instalações, pinturas e esculturas a sua frente. Algumas ela achava de fácil interpretação, outras, sem o menor sentido e - algumas delas - verdadeiras aberrações. Diante de algumas telas, achava que poderia ter feito o trabalho muito melhor que o autor(a). Algumas combinações de cores ela não gostava. O que mais lhe chamava a atenção, porém, eram as instalações; gostava do som que ecoava de algumas salas; em outras chamava-lhe a atenção os vídeos "sem noção" projetados em telas gigantes à sua frente; e também achava interessante aquelas instalações que faziam suspense sobre o seu conteúdo, forçando o expectador a olhar através de uma fenda ou pequeno orifício o que se passava lá dentro.

Chocada mesmo ela ficou com uma instalação onde pode ver um homem completamente nu deitado em uma maca metálica de necrotério, à espera de ser colocado em um caixão que o aguardava todo florido ao seu lado. Meu Deus, pensou (gritando), o que é isso? Na parede do recinto estava grafitado em letras de forma feitas em vermelho (seria aquilo sangue?): TÃO JOVEM,  TÃO BONITO E JÁ PASSOU DESTA PARA MELHOR?. Aquilo para ela já era demais. Fez o sinal da cruz e foi-se embora, indignada. Bienal de novo, nem aqui nem na China.

Somente um pensamento ela levou consigo mostra à fora:aquele peladão da instalação era o maior gato; era um desses que ela queria ver no telhado da sua casa.

E por falar em Julia, exposição e arte, fui até o parque Ibirapuera, mais precisamente nas cercanias do Auditório Ibirapuera, OCA e MAM, fazer umas fotos das etiquetas que desenvolvi e produzi para a marca de acessórios de luxo SNB POR SILVANA BEDRAN.


Elas são utilizadas para dar identidade e conferir sofisticação aos sacos que envolvem as bolsas da marca. Foram feitos três tamanhos de etiquetas, que chamamos de grande, média e pequena.

Além das etiquetas, desenvolvi também uma almofadinha em formato de bolsa, em duas variantes de cores. Vamos conferir tudo agora.

O Auditório Ibirapuera é uma obra de Oscar Niemeyer. A língua de fogo que se encontra na entrada do auditório foi concebida pelo arquiteto, que a batizou de labareda. As primeiras fotos das etiquetas foram tiradas na base da língua de fogo.


Este jardim de cacto encontra-se na lateral do Auditório. Ventava muito naquela tarde e a vegetação que circunda o cacto balançava muito ao sabor do vento.


Ao redor do Auditório havia uma série de sofás de formatos inusitados, feitos de aproveitamento de resíduos naturais urbanos. Este que foi fotografado chama-se CHAISE EUCALIPTO I, de autoria de Hugo França. As etiquetas e almofadinhas descansaram nele. Relax total.


Chegamos agora à OCA. Ela foi também projetada por Oscar Niemeyer em 1951. Ela é um pavilhão utilizado para receber grandes exposições. 


Este painel de Os Gêmeos encontra-se na parede externa do MAM.


Encontrei esta escultura estacionada na frente do museu. Imagina se as etiquetas e as bolsinhas não ficaram doidinhas para tirar umas fotos nela. 


Detalhe técnico: as etiquetas foram feitas em fundo tafetá light (28 batidas), o que diminui sensivelmente o preço do produto, em relação à uma etiqueta em fundo damask (56 batidas).

As almofadinhas, por sua vez, foram feitas em duas variantes de cores, a saber: fundo off-white com bordado em gatuno e café; e fundo nublado com bordado em cinza claro e preto.

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