24 de nov. de 2012

O perigo mora ao lado

Spy vs. Spy por Antonio Prohias

O amigo vizinho não sabia o perigo que estava correndo. Estávamos em plenos anos 70, quando a medicina já descobrira a cura de inúmeras doenças e estava caminhando a passos largos rumo à novas descobertas.

Eu morava com minha família a alguns poucos metros da casa de Rubens Tadeu. Filho de médico como eu era, já tinha lá minhas curiosidades sobre o assunto.

Certa manhã, brincando no quintal de casa, vi meu pai descartando alguns remédios no lixo. Certamente eram medicamentos que já estavam com a validade vencida. Fiquei ali quietinho, num canto, a uma certa distância dele, só observando.

Quando ele terminou o trabalho e se afastou do local, aproximei-me da lata de lixo e comecei a fuçar as embalagens dos remédios ali depositados. Remexendo as embalagens, encontrei uma caixa que me chamou particularmente a atenção: ela trazia a ilustração de um bonequinho composto de cabeça, tronco e membros.  Não dava para saber se o mesmo era homem ou mulher. Mas isto não tinha importância e, sim, o fato de que aquele boneco não tinha uma das pernas. Pelo menos foi o que eu entendi. Foi o que bastou para que eu - após olhar para os lados para ver se estava sendo observado - pegasse a mesma e a escondesse na cintura, sob o short e a camiseta.

Precisava, afinal, entender melhor o por quê de aquele homem não ter uma das pernas. Será que ele tinha alguma doença? Será que aquela medicação faria com que quem a tomasse perdesse a perna? Eram tantas as perguntas sem respostas que achei por bem entendê-las fazendo um teste. Um teste? Sim, um teste. Iria até a casa de meu vizinho, Rubens Tadeu, e diria a ele que tomasse uma daquelas pílulas que - segundo contaria - meu pai havia me receitado. Algo do tipo de uma vitamina para deixar a gente mais forte.

E foi o que fiz. Chegando a sua casa, toquei a campainha. Quem atendeu a porta foi sua irmã, à quem pedi que o chamasse. Assim que o mesmo apareceu, mostrei-lhe a cartela de comprimidos (sem a devida caixa, claro) e fiz-lhe o convite:

- Rubens Tadeu, experimente este remédio que o meu pai me receitou.

- Que remédio é este? - Ah, é uma vitamina nova que acabou de ser lançada no mercado e que deixa a gente muito mais forte.

- E para quê que eu quero ficar mais forte? Já estou bem assim - emendou.

- Olha, pois eu tomei e foi uma maravilha! - falei-lhe crédulo.

Senti que o mesmo arqueou levemente a sobrancelha em sinal de desconfiança.

- Não vou tomar não.

- Ah, toma, Rubens Tadeu....pelo menos uma só para você experimentar.

- Não e deixa eu entrar porque estou assistindo Zorro.

- Ah, você é quem sabe. O azar é só seu - e fui dando as costas como quem diz: "quem avisa, amigo é".

Para mim, naquele momento,  foi frustrante não poder ver de perto a transformação que imaginava em minha cabeça. Já pensou ver a perna do vizinho sumir de uma hora para a outra como um passe de mágica!

Hoje, pensando bem, acho que foi melhor assim Afinal, como poderia convidá-lo depois para uma partida de futebol?

E já que o assunto é remédio, apresentarei a seguir dois produtos que desenvolvi para a farmácia de manipulação PHARMAPELE, a pedido de Cyntia Esberard, na época minha cliente.


Recebi a encomenda de criar e desenvolver uma etiqueta e uma almofadinha que desse à embalagem desta farmácia de manipulação um visual diferente do que se vê normalmente neste setor. Receituário a mãos, prescrevi então esta etiqueta auto-colante, que pode  vir a ser afixada tanto no corpo do frasco quanto na base de sua tampa.


Além dela, desenvolvi também uma capsula-almofada que pode ser aplicada ao frasco por meio de uma correntinha metálica ou algum tipo de cordão ou fita.


Confira o resultado, que não tem  nenhuma contra-indicação.


Diversos estilistas de renome internacional aventuraram-se em criações de "pill-bags", as bolsas com estampas de pílulas e até em formatos que remetem às mesmas.


Pílulas para rejuvenescer. Pílulas para encher de energia. Pílulas para dormir e sonhar. Vivemos a era da pílula como solução para uma infinidade de patologias do corpo, da mente e da alma. Você já tomou a sua(s) hoje?


Nota: tanto o frasco quanto as pílulas não pertencem à Pharmapele. Foram customizados para as fotos.

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