5 de mai. de 2012

A descoberta de uma nova raça

Descobri uma nova espécie de animal mamífero. São os pinguins urbanos. Dotados de vestimentas muito próximas umas das outras, podem ser facilmente identificados nas ruas pelo andar vagaroso, de movimentos contidos e - principalmente - por apresentarem-se sempre em grupo.


Os pinguins urbanos subdividem-se em dois principais grupos: os pinguins executivos e funcionários de empresas privadas e os pinguins executivos e funcionários de repartições públicas federais, estaduais ou municipais.


Ambos os grupos são muito parecidos fisicamente e coabitam o mesmo espaço público, principalmente em horário de almoço, quando saem às ruas à cata de alimento.

A vestimenta principal dos pinguins urbanos do gênero masculino é o terno e gravata. Os ternos são geralmente em tons sóbrios, que vão do marinho aos cinzas - em seus diversos matizes - até chegar ao tradicional pretinho básico.

O que os diferem uns dos outros normalmente é a padronagem e cores das gravatas que usam. O restante é tudo igual.

Já as representantes do gênero feminino ousam um pouquinho mais. Vestem-se de tailleurs, conjuntinhos de saia e blusa/camisa, ou então escorregam de vez na maionese, usando o popular trio jeans, t-shirt e tênis.

Por mais que se queira, você não consegue identificar nesta espécie (ou bando) um líder. Andam todos juntinhos, trocando às vezes de lugares enquanto caminham. Igualzinho o fazem seus primos pinguins do reino animal.


Chama-lhes a atenção o andar sempre vagaroso, às vezes quase parando.Quando você encontra um grupo destes à frente, fica difícil ultrapassá-los, visto que costumam ocupar toda a calçada. Parece um paredão de pessoas.

Fico me questionando se o ritmo em que eles conduzem os seus trabalhos é parecido com o seu desempenho na rua. Caso a minha suspeita se confirme (alguém deveria escrever uma tese de mestrado ou doutorado), coitadas das empresas em que eles trabalham. Devem passar um verdadeiro sufoco.

Convido aqui os seus executivos chefes a acompanhar de perto o seu grupo quando este sair novamente à rua para almoçar. Por certo vocês vão ficar horrorizados com o que verão. Esta raça - os pinguins urbanos - assemelha-se muito também às espécies de tartarugas, que têm por lema o " devagar se chega ao longe". Será?

Tirando o fato de que o tecido que desenvolvi e produzi para a marca de sapatos e bolsas de luxo FERRI é preto, o restante não tem nada a ver com os pinguins urbanos da crônica acima.

O tecido foi usado para fazer uma série de bolsas e sapatos que estão enchendo de personalidade, charme e elegância, as lojas da marca em São Paulo, e as lojas multimarcas que revendem seus produtos pelo país.


A base utilizada é o cetim preto. A estampa é uma sucessão de quadrados lado a lado, sendo um deles liso (com efeito de sarja) e o outro com o logo FERRI inserido dentro. O visual ficou realmente interessante.


Além da versão preta aprovada, desenvolvemos também duas outras que ficaram igualmente lindas: azul turquesa e prata.



NA MÉDIA, TODOS OS PINGUINS SÃO IGUAIS


Eu fico na média
Você fica na média também
Na média, a empresa toda está
Os planos são traçados, em média, uma vez ao dia
Tomando uma média na padaria
Mais ou menos é o nosso lema,
Nem para mais, nem par menos
Se uma nota alta se sobressai da média
A gente leva o que saiu da média a refletir:
Ou a nota se contenta em ser rebaixada, ficando na média
Ou a gente a derruba no chão, sem dó nem piedade
Para estas questões que saem da média
a gente não tem meio termo 

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