Todos nós temos uma grande dificuldade para pensarmos em nossa finitude. A gente vai adiando, adiando e acaba deixando este pensamento para lá; para depois, bem depois de depois. Mas chega uma hora que não dá mais para disfarçar. São os cabelos brancos que vão aparecendo; a memória que começa a falhar; o corpo que já não mais desliza pelas calçadas como o fazia no passado. A gente começa a falar para os outros do "nosso tempo". Como se o nosso tempo não fosse o presente. Eu, sinceramente, não ligo para o "quanto mais" vou viver. Ligo, isto sim, para o como eu desejo viver. O que importa é "como" e não "quanto", A vida não é um restaurante por quilo onde você só paga pelo que acabou de comer. Para a maioria das pessoas, ela é uma refeição self-service; para uma minoria privilegiada ela é uma refeição à francesa: tem sempre alguém para servir, enquanto o comensal permanece confortavelmente sentado à mesa.
Eu queria partir ouvindo o barulho do mar
E, ao longe, o apito do navio a zarpar
Se a mim fosse me dado o direito de escolher,
Assim seria o meu fim. Ou o começo de tudo?
No horizonte o sol lentamente vai se pondo,
tingindo de laranja e vermelho a superfície do mar
As gaivotas vão flanando no céu, fazendo algazarra
E escolhendo um lugar para repousar
Aos poucos a imagem filtrada pelas lentes de meu óculos
vai ficando embaçada, até que não consigo mais distinguir
o que é céu e o que é mar
As gaivotas vão se aquietando até ficarem em silêncio total
E o navio já navega tranquilo, singrando ao longe as águas do mar
Na tela de minha vida os respingos da água salgada
vão aos poucos tomado o lugar
O sol de filme analógico começa a rodar em falso
enquanto a máquina já começa a parar
Termina agora a última sessão
Não fique triste. Estou feliz porque o filme continua rodando. A sala ainda está escura e a história está muito interessante. Acho que a sessão ainda vai longe.
Vamos agora falar de uma outra viagem. Das viagens que fazemos e nos deixam tão felizes. E como em toda viagem a gente tem que uma hora dar uma parada, seja para fazer um xixi, comer alguma coisa ou abastecer o carro, vou lhe apresentar agora uma etiqueta (parece uma fita) que venho fazendo todos os anos para a rede de postos de estrada GRAAL. Ela é utilizada para servir de marcador de página das agendas que a empresa faz e distribui a seus colaboradores todos os anos.
Como não poderia deixar de ser, fui buscar um lugar que pudesse vir a ser o cenário perfeito para mostrar o produto. Foi então que entrei no meu carro e peguei a estrada Castelo Branco em direção ao quilômetro 29, onde está um dos postos GRAAL.
Chegando lá vi um velho yellow cabe estacionado na frente da praça de alimentação. Pronto, foi nele que estacionei a agenda aberta em uma das páginas, devidamente marcada pela etiqueta GRAAL.
Chovia muito naquela tarde. Resolvi fazer umas fotos dentro do carro, enquanto dirigia. Na última foto da série, dá para ver o logo GRAAL do lado esquerdo.
E já que - de certa forma - viajamos até Nova York através do yellow cabe, apresento aqui uma matéria que saiu na Folha de S. Paulo (caderno The New York Times), falando sobre um hotel de luxo que imita um cortiço. Veja abaixo.
(*) a agenda utilizada para as fotos é apenas ilustrativa; não é a feita pela GRAAL
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