25 de out. de 2012

O que ficou



Fiz uma poesia em um momento de muita emoção. Deixei o sentimento fluir e dizer-me para onde desejava me levar. Quando terminei e vi o resultado, achei-a triste. Claro, ela falava de minha separação. Falava do sentimento de vazio que ficara quando olhei pela última vez para o meu apartamento vazio. Era momento de despedida.

Apesar de achá-la bonita, acreditei que ela não caberia aqui neste espaço. Até que resolvi apresentar a etiqueta que fiz para a loja de móveis e objetos de decoração LE LIS BLANC CASA. Ela remete a casa, moradia, lar. Pronto. A poesia convenceu-me que era hora de publicá-la; de mostrá-la como quem apresenta aos amigos a casa nova.

A gente vive querendo fugir do vazio, das despedidas, dos finais inadiáveis. Ninguém quer perder. Isto é uma pena, visto que quase sempre é somente quando abrimos mão de algo que temos (ou achamos que temos), que acabamos por encontrar aquilo que nos faltava. Que seja a liberdade. Não existe ganho sem perda. Não existe perda sem ganho.

Antes de fechar a porta
visito cômodo por cômodo
Todas as portas da casa permanecem abertas
Nada escondido. Nada fechado
Quem entrar aqui achará que o local encontra-se vazio
Ledo engano
Restaram no chão as lágrimas que um dia caíram e já secaram
Nas paredes ficaram as marcas das vassouras que bateram de raspão
O rejunte dos azulejos deu morada ao fungo, resultado dos banhos ali tomados
E por entre as frestas das janelas ficaram , misturados ao pó acumulado e solidificado,
os sorrisos um dia ali trocados



Fotografei a etiqueta no parque Villa Lobos...


Após a sessão de fotos, caminhei até o lindo orquidário que existe no local. O lugar é completamente mágico; repleto de vazios preenchidos por orquídeas. Chama-se Orquidário Professora Ruth Cardoso, em homenagem à nossa saudosa primeira dama.

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