8 de mai. de 2012

A terra é azul. O jeans também.


A calça que conhecemos hoje como jeans era chamada nos anos 70, em minha cidade de origem, Araçatuba, de calça Lee. Que honra para uma marca ter o seu nome como sinônimo de um produto. Pois Lee significava calça jeans, ou se preferir, índigo. Naquela época praticamente não existiam na cidade lojas que vendessem roupas masculinas prontas. O hábito consolidado entre os homens era o de terem seu próprio alfaiate.Comprava-se os tecidos desejados, levava-os até o alfaiate, que tirava as medidas do cliente; combinava os tipos de bolsos que iriam na parte da frente e de trás; se a barra seria italiana ou normal e pronto. Feita a encomenda, era só aguardar a peça ficar pronta.

Quando a Cooperativa dos Bancários, que era o endereço de referência para a compra de alimentos; peças de cama-mesa e banho; roupas e produtos agrícolas, inventou de trazer as famosas calças de brim para as suas prateleiras, foi uma corrida só. Todos queriam ter a sua.Inclusive eu. As principais marcas vendidas ali eram Lee, Rancheiro, Far West e US TOP (as três últimas, da Alpargatas). Levi's, só se trouxesse de fora.

 

O índigo, quase sempre, era de tonalidade azul bem escuro. Usávamos as calças sem cortar as barras. Vestia-se as mesmas e dobrava-se para fora a parte de tecido que sobrava. Desta forma, a parte interna do jeans que é sempre mais clara, dava um toque todo especial ao visual. E para completar o look, usávamos as calças sempre com meias brancas e sapatos de amarrar pretos ou marrons. Michael Jackson, se lá estivesse, morreria de inveja.

A modelagem, diferentemente de hoje, era praticamente a mesma. A gente nem sonhava com denominações como tradicional, antifit, cigarrete, cut boot (corte para botas), tigh fit ou slim fit, oversized (tamanho exagerado) e skinny.


Não existiam também as hoje famosas lavanderias que transformam o jeans na cor, textura e aparência que você desejar.O que antes era praticamente índigo bruto, hoje pode ser: advanced color; bigodes; black desbotado; claremaneto/bleaching; corrosão; craquelado; deep blue/black on blue; délavé ou bleached; destroyed; dusty wash; estonagem ou stonewash; jato com areia; laser; lixado; marmorizado; peletizado e por aí vai...


Ou seja, o jeans que nasceu na França (Nimes) há 140 anos atrás, e que até hoje veste o mundo inteirinho de azul,vai continuar sendo usado por todo o sempre, enquanto o homem habitar este planeta. Afinal, se o jeans é azul, a Terra também o é.


O texto acima, que me encheu de recordações, serve como inspiração às duas etiquetas muito especiais que desenvolvi recentemente para a IÓDICE, e também para o galão que fizemos para esta empresa durante muitos anos.

Ambas as etiquetas foram desenvolvidas para a linha masculina da Iódice. Elas têm o fundo trabalhado em fios de algodão cru, e os fios de bordado nas cores azul profundo, vermelho e ouro rhodia (apenas em uma das etiquetas).


Já o galão, utilizado como acabamento interno das calças jeans, tem o fundo (tramado em efeito gorgurão) e o bordado feitos em dois tons de vermelho.


A partir de agora mostrarei uma série de imagens coletadas em andanças pelos mais diversos cantos da cidade, onde o que predomina é a cor azul. Eu decidi que minha vida, assim como a vida de todos os que me cercam será sempre blue. Esta é a minha meta. Este é o meu desafio. Este é o meu desejo. Este é o meu propósito: pintar a vida de azul.

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