Até tú, Mao?

Mao by Andy Warhol

Até Mao Tsé-Tung passou. Foi-se junto com suas mulheres, concubinas, exército e seguidores. Deixou para trás uma nação inteira a idolatrá-lo, e o mundo todo perplexo com o seu autoritarismo e os milhões de mortes ocorridas por suas políticas e expurgos políticos de 1949-1975.

A República Popular da China (RPC) é hoje o maior país da Ásia Oriental e o mais populoso do mundo, com mais de 1,3 bilhão de habitantes, aproximadamente um sétimo da população da Terra.Um gigante mundial, em todos os sentidos.

É o segundo maior exportador e o terceiro maior importador do planeta. E a marcha continua a todo o vapor. Nós aqui no Brasil que o digamos. Basta andarmos um pouco pelos principais centros de comércio popular aqui em S. Paulo para vermos esta verdadeira invasão chinesa,através dos catadores de papel, a lotar seus carrinhos com caixas de papelão onde pode se ler MADE IN CHINA.

Por onde circulamos, de lojas de roupas a artigos pessoais, móveis, objetos de decoração, carros, quase tudo leva a inscrição MADE IN CHINA. Você já experimentou dar uma voltinha no bairro Bom Retiro, em S. Paulo? Você vai achar que errou o caminho e foi parar na China. Lá você encontra escolas bilíngue, onde os alunos aprendem português e mandarim; saunas - dentro de hotéis ou não - com os seus tradicionais banhos; comidas típicas para todos os gostos e paladares; igrejas onde você pode assistir a uma missa falada em mandarim; e isto tudo sem falar nas infinidades de lojas de roupas e acessórios feitas pelos chineses aqui (made in Brazil), ou importadas de lá (made in China).

Da China chegam diariamente em nossos portos e aeroportos toneladas de produtos lícitos, conhecidos por sua tecnologia avançada e os preços competitivos. Mas também chegam toneladas de produtos contrabandeados, muitos deles com falsificação de marcas de renome internacional. Você quer um " Nike", um " Ray Ban" , uma " Lacoste", um " Rolex" ? Na Rua 25 de Março tem também.

É só uma grande maison da Europa ou Estados Unidos lançar um novo produto, que rapinho o "mesmo" já está circulando pela famosa 25 de Março.

Não quero dizer com isso que a China seja a pátria mãe da falsificação de produtos, nem que ela esteja sozinha nisto. Mas que eles são bons na coisa, ah, isso ninguém duvida. Basta dar uma passadinha em uma destas galerias que vivem abrindo e fechando na Avenida Paulista, em S. Paulo. Ali os chineses também dominam o pedaço. E fazem a festa.

photo by nationalgeographic.com

A razão para eu ter dado um pulinho na China é uma etiqueta produzida para a marca de sapatos CIAO MAO, comandada pela premiada designer Priscila Callegari.

a designer, em um editorial da Folha

Como a própria Priscila conta em seu site, o nome da marca é uma referência ao mundo globalizado, onde ocidente (Ciao) saúda o oriente (Mao); ou um " adeus" à padronização", em uma celebração à diversidade: símbolo da cultura brasileira.

O visual da etiqueta, em sua essência, remete - a meu ver - ao universo chinês, com sua cor de fundo vermelha e a estrela de cinco pontas, que segundo Priscila, é a dimensão humana para quem a Ciao Mao pensa seus produtos.

A estrela representa mente, mãos e pés, todos necessários para a concepção, execução e uso dos calçados.

Mostrarei a seguir um editoriail de moda que guardei em meus arquivos pessoais e que mostra - através de fotos dos calçados - como esta etiqueta exerce um papel fundamental na concepção final do produto  e de como ela se integra em verdadeira simbiose com o mesmo.

Ciao, Ciao pra você.