23 de abr. de 2013

Doces recordações


Nossa memória não é apenas visual. Ela pode ser também olfativa, sensorial.

Posso me emocionar ao lembrar-me do gosto do bolo de nozes de minha avó Rosa. Esta receita tem história. Vovó Rosa viveu por 101 anos. Faz cinco anos que trocou sua cozinha em Araçatuba, por uma cozinha mais espaçosa no céu. Sorte dos que estão podendo apreciar o seu bolo de nozes por lá.



De dar água na boca também eram as suas balas de coco e pamonhas. Todas famosas na família e entre amigos. Outra quituteira que me enche de saudades é Dona Isaura. Não existe no mundo um bolo com aquele DNA. Feito e recheado de um creme amarelado espesso, e confeitado com bolinhas prateadas comestíveis, era para se comer rezando.

Igualmente deliciosos eram seus salgados - em especial as coxinhas de frango. Entram também nesta seleta lista os pães de queijo da doce goiana Dona Nelma; o bife acebolado de minha tia Maria; a galinhada de minha avó Nena; a torta de massa podre de minha estimada Deuti; e porque não os mandiopãs feitos pela cozinheira Lourdes.

Eu sei que para quem não conheceu ou provou destas iguarias, este conto não represente nada de especial. Mas ele pode servir de convite para você se recordar dos cheiros e gostos de seu passado. Lembrar-se do tempo em que os nossos mestres da cozinha nem pensavam em ostentar títulos que o fizessem sentirem-se mais valorizados. Dispensavam a denominação de chefs e faziam - sem o saber - uma verdadeira cozinha de autor. Quando é que eles poderiam imaginar que um dia o mundo estaria infestado de escolas e faculdades de culinária, com direito a pós-graduação.


A culinária para eles representava o exercício cotidiano na beira de seus fogões. Eram os herdeiros diretos das receitas de família (muitas guardadas em segredo), e outras aprendidas junto a vizinhos e conhecidos. Somava-se a este aprendizado os fascículos de culinária comprados nas bancas de revistas, as revistas especializadas e os livros retratando a diversidade das cozinhas regionais e internacionais. Valiam-se também das receitas aprendidas e trazidas das viagens empreendidas aqui e acolá.

Mesmo tendo se passado anos e até décadas, uma vez expostos novamente ao cheiro de algum prato da infância, somos capazes de fazer uma viagem de volta ao passado.

Desta forma lembramo-nos de parentes e amigos queridos e dos pratos que um dia eles nos apresentaram e serviram. Podemos fazer um resgate dos cheiros, aromas, sabores e das doces lembranças vividas e experimentadas. Não pode existir sabor maior a ser degustado nesta vida. Proponho um brinde aos nossos chefs do passado e ao cheiro inigualável de seus pratos.

Que texto gostoso, não é mesmo. Ele tem cheiro e aroma. Assim como os chocolates feitos pela CAU CHOCOLATES.


Desenvolvi para a empresa uma fita de jacquard, criada pelo escritório de Claudio Novaes. A fita foi desenvolvida em três cores de fundo, com o logo (mandala) em fio chocolate; são elas: azul acinzentado, musgo, e cipó.

Como cenário, construí uma cozinha experimental feita de granito cacau. Sobre a superfície, espalhei chocolate em pó e raspas de barras de chocolate. Veja que delícia de fotos.














Frase do dia: De que adianta a bandeira do Brasil estampar "ORDEM E PROGRESSO", se grande parte da população se quer sabe ler e escrever.












Obs: A imagem de torta que ilustra este post foi extraída do blog eusougulosa.blogspot.com

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