16 de mar. de 2013

Direto para a água


A porta do carro mal se abriu e eu corri em direção à piscina, minha velha conhecida. Debrucei-me na sua borda e fiquei olhando para a água. O canto que escolhera para admirar a água ficava no lado raso da piscina, que tinha por volta de quinze centímetros de água. A distância entre o meu corpo e a água era de aproximadamente um metro.

Estava ali obedecendo à ordem que fora dada por minha mãe para que eu e meus irmãos não entrássemos na piscina por pelo menos quarenta e cinco minutos. Afinal, acabáramos de almoçar.

Como a sede de nadar era grande, resolvi que ficaria ali, solitário, namorando a água. A tarde estava muito quente. Os raios de Sol incidiam na superfície da água fazendo um espetáculo de luzes todo especial. Os raios de luz criavam na água flashes que pipocavam aqui e ali, dependendo do seu balançar.

Podia escutar atrás de mim a algazarra da criançada reunida no chão de terra, em meio às árvores que existiam em abundância na chácara de vovó Rosa. A chácara era o nosso clube particular, o ponto de encontro  e reduto preferido da família e amigos para os momentos de laser.


Estava olhando para a água quando, repentinamente, perdi os sentidos e caí feito um raio para dentro da piscina. A sensação foi a de um desmaio.

Ao levantar, sentindo-me meio tonto, passei a mão na testa e vi que a mesma ficara encharcada de sangue. Olhei para a água e vi que uma tinta vermelha insistia em colori-la. Foi quando meu irmão me viu e gritou, apontando para a minha cabeça:

- Paaaaaaaaaai, o Beto quebrou a cabeça".

Pronto, comecei a chorar e a gritar que iria morrer. Meu pai, aflito, veio rapidamente ao meu encontro. Arrancou a sua camiseta e comprimiu-a em minha testa. Em seguida, deu algumas coordenadas à criançada e disparou comigo para a Santa Casa.

Chagando lá, fazendo uso da condição de médico de papai, fui prontamente atendido e recebi os primeiros socorros. O resultado deste acidente fora uma série de pontos na testa, denunciando o tamanho do estrago. Já medicado, voltamos para a chácara, onde permaneci o dia todo de molho, fora da água. Não sei dizer o que mais doía: o não poder nadar ou o corte feito, que não parava de latejar.

A marca destes pontos permanece até hoje estampada em minha testa. Ou seja, tenho nome, sobrenome e uma marca registrada. O interessante é que - dependendo do clima, se mais frio ou calor, ela se torna mais ou menos evidente. Pode-se dizer que ela é muito temperamental. Que fique bem claro: ela, não eu.

Convido-o(a) agora a refrescar-se comigo na águas da marca de roupas ÁGUA CLARA. Conheci Walquíria e Felipe Martello em 2005, e o resultado deste encontro gerou o desenvolvimento e produção de diversas etiquetas e galão.


Duas delas, em especial, foram criadas por mim. Nelas podemos ver uma paisagem composta por folhas e flores rodeadas por um pássaro em pleno voo.


O cenário escolhido para fotografar as etiquetas foi o parque BUENOS AIRES, localizado em um quadrilátero do tradicional bairro de Higienópolis, em São Paulo.


Lá encontrei uma linda fonte, com as figuras de Anfitrite e Tritão.

 
 
 

E para a minha surpresa, próximo a esta fonte estava rolando uma festa de aniversário como aquelas de antigamente, com direito a um véu de tule preso à uma árvore e a uma mesa repleta de doces e frutas. Pena que eu não tenha sido convidado.


Sessão de fotos encerrada, já voltando para casa, andando pela calçada, encontrei este aviso no chão. Diz o ditado que "para bom entendedor, meia palavra basta", mas eu acho mais apropriado dizer aqui aquela velha frase-chavão: "não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje". Aviso dado.


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