De volta a Paris

Por esta ninguém esperava. Nem mesmo Joyce Pascowitch. La Belle de Jour esteve semana passada no Brasil. Veio visitar a nossa pátria amada, à convite de um de seus amantes, executivo de uma importante marca de champanhe francês.



Devido à intimidade dos dois, o executivo percebera que sua belle de jour estava passando ultimamente por uma fase extremamente difícil. Para falar a verdade, estava bastante depressiva. Nada a animava; nada a fazia sorrir. Nem mesmo o sexo fortuito que já a fizera atingir o êxtase tantas e tantas vezes.

Estava cansada de sua rotina em Paris. Estava cansada de abrir a porta de seu quarto e enxergar a mesma torre Eiffel fazendo pose para as lentes amadoras dos turistas vindos do mundo inteiro. Até mesmo as crônicas de moda que faz duas vezes ao mês para uma revista feminina já estavam lhe entediando. Não mais encontrava as palavras certas para traduzir os seus gostos e opiniões a respeito do assunto.

Certa tarde, deitada ao lado do amante, depois do sexo, ele lhe fez um convite:

- Que tal fazermos uma viagem? Algo bem diferente que tire você de sua rotina e afazeres cotidianos.Tenho uma viagem de negócios programada agora para Novembro ao Brasil. Irei visitar a nossa filial em São Paulo. Quer vir comigo?

- Viajar para o Brasil? Você está louco! O que diria ao meu marido?

- Algo parecido com o que diz todos os dias quando sai de sua casa e vem para este local.

La Belle esboçou um ar de indagação. Sua cara ficou com o formato de um ponto de interrogação.

- Diga a ele - sugeriu o amante - que você recebeu o convite de sua revista para uma visita ao Brasil, onde participará da semana de moda local. Na volta, fará uma série especial de crônicas sobre o assunto.

- É - balbuciou ela em sinal de assentimento - não deixa de ser uma boa ideia.

E assim foi. Os dois desembarcaram no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, em uma fria manhã de primavera. O dia estava nublado.

Pegaram um táxi que os levou para o hotel, nos jardins, bairro nobre da capital paulista. Já no quarto, desfeitas as malas e aberta a janela, La Belle decidiu que daria uma volta pelas ruas próximas ao hotel, mais precisamente à Rua Oscar Freire, o endereço onde se encontram as lojas mais luxuosas e elegantes do país. Enquanto isto, o amante sairia para os seus encontros profissionais.

À cada quadra percorrida, à cada esquina dobrada,a cada passo dado, La Belle ficava mais e mais surpresa com o que via: lojas e mais lojas de marcas consagradas francesas, algumas vizinhas umas das outras: Louis Vuitton, Catier, Dior, L'Occitane...e até uma loja conceito da marca de carros Citroën. O bairro - La Belle pensou - mais parece uma filial de Paris.

Para quem estava enjoada da cidade e queria dar um tempo de sua paisagem, o que estava vendo pela frente não era o mais indicado.

E foi pensando nisto que ela resolveu virar a rua e procurar um lugar para tomar um café.. E não é que ela deu de cara com um bistrô chamado Paris 6! La Belle chegou a ficar confusa, perguntando-se se não estaria em pleno bairro de Saint Germin-des-Prés. Pois foi sentada em uma das mesas deste bistrô que ela abriu seu laptop e escreveu o título de sua próxima crônica: DE VOLTA A PARIS.

De volta a Paris é o que me lembra a etiqueta que fiz para a marca de roupas e acessórios femininos D' AROUCHE, de Carolina Glidden Gannon e David Pollak. Carolina foi durante muitos anos assistente de Patricia Field, a aclamada figurinista do filme O Diabo Veste Prada e da série televisiva Sex and the City.

Meryl Streep e Patricia Field em "O Diabo veste Prada"

Anne Hataway em "O Diabo veste Prada"

Sex and the City

A etiqueta em questão tem o fundo em cetim preto e o logo bordado em branco. Tudo muito simples, tudo muito chique. Chama a atenção o requinte das etiquetas de numeração. Elas trazem a silhueta de um frasco de perfume (francês, claro), com a numeração inserida em seu interior.

Como cenário para as fotos, escolhi a parte externa de um lindo bistrô dos jardins chamado CHEF ROUGE. Confira.

Carolina Glidden Gannon, proprietária da D'AROUCHE, fez uma dedicatória na página de meu book de trabalho que fiz em homenagem à marca: BETO, MY FAVORITE. Guardo a recordação com muito carinho.

Obs: A foto que abre o post retrata um dos quartos do Hotel Radisson Blu Metropolitan e a música que dá o clima a esta publicação é "La Muraille de Chine", interpretada por Henri Salvador.