13 de set. de 2012

Vida de cowboy


Aprenda a lição: estabeleça um objetivo, procure o alvo; mire; concentre-se e atire. Se acertar o alvo, parabéns, você chegou lá. Mas se errá-lo, não tem importância. Aquele alvo, muito provavelmente, não vai ficar lá te esperando, mas outros certamente aparecerão e você vai estar muito mais preparado e capacitado para acertá-lo. É tiro e queda.

Parece que foi ontem. Peguei o meu carro naquele sábado de manhã para ir ao encontro de Papai-Noel. Eu explico. Trabalhava como redator em uma pequena agência de propaganda e havia acabado de criar um out-door institucional para a agência. Ele já se encontrava nas ruas. Escolhi o que estava na rua Brigadeiro Luiz Antônio para fotografar.Não dá para explicar com palavras o que senti ao avistá-lo, enorme, bem ali na minha frente. Era um misto de orgulho, de prazer, de sentimento de trabalho bem feito.


Não vou entrar aqui no mérito de se a peça era boa ou não em termos de criatividade. Espetacular não era, mas era boa o suficiente para um redator em início de carreira como era eu, naqueles anos finais da década de 80. Sem padrinho ou coisa que o valha, havia ralado muito para encontrar o "meu lugar ao Sol" nesta área tão concorrida.

Com o passar dos anos, bem que tentei entrar em uma agência mais conceituada, onde pudesse aprimorar e evoluir como profissional criativo. Mas todo o esforço empreendido não foi suficiente para conseguir atingir o alvo. O mais próximo que cheguei de uma oportunidade para alcançar tal feito, eu sabotei: estava recém-trabalhando em uma agência que não a citada acima quando recebi o telefonema da agência McCan Erickson para uma entrevista. Embananei-me todo com a situação e não encontrei internamente um espaço para ir até a mesma fazer a entrevista; na época fiquei com medo de que a ausência temporária, através de uma mentira, pudesse colocar em risco o meu emprego; pena que não tive coragem.

Nunca me esquecerei também de uma tentativa que fiz - e esta sim considero até hoje que foi criativa e ousada - para conseguir uma entrevista com o papa da publicidade já à época, Washington Olivetto. Concebera e preparara com cuidado uma ação para alcançar tal propósito. Comprara uma caixinha quadrada em papel de qualidade, estampado; inserira dentro dela um punhado de palha, como se fosse feno; em cima da mesma colocara cuidadosamente uma bala de revólver; isto mesmo: uma bala de revolver cuidadosamente lustrada. Para acompanhar a tal caixa, fizera uma carta, também em papel e envelope especiais, em sintonia com as cores da mesma. No envelope escrevera: De TIRO DE LETRA para WASHINGTON OLIVETTO. O texto da carta dizia que em breve ele receberia um telefonema do autor, TIRO DE LETRA, redator inciante, para o agendamento de uma entrevista de trabalho. Para entregar a "encomenda", contratara uma destas agências de atores muito comuns à época, em que você indicava uma situação inusitada e eles cumpriam o objetivo, indo até o endereço indicado, fantasiados e atuando. Pedi que enviassem um portador à agência, devidamente fantasiado de cowboy, e que o mesmo entregasse a caixinha diretamente nas mãos de Washinton. Soube depois pela agência contratada que quando o ator entrou na recepção fantasiado, o mesmo parou literalmente a empresa, cujos funcionários aglomeraram-se em volta do cowboy para ver do que se tratava. Washington não estava, mas o ator entregou a caixinha para a sua então secretária. Infelizmente acabai não tendo a oportunidade de encontrá-lo; para o meu azar, ele estava de partida para Cannes, tendo ficado por lá um bom tempo e - na volta - a ação já tinha perdido o seu impacto. Não acertei o alvo, mas fico feliz por tê-lo tentado.

Aproveito para mostrar-lhe a seguir, algumas peças (anúncios de revista e ou jornal) que criei ao longo de minha carreira, seja como estudo ou como peça efetivamente produzida.


Tenho um protesto a fazer em relação a este anúncio. Ele faz parte de uma série de anúncios criados por mim e o diretor de arte Flavio Raspanti com o objetivo de apresentá-los à uma agência de porte, visando futura contratação.Fizemos isto algumas vezes. Anos depois de ter abandonado a profissão, vi um anúncio idêntico feito por uma agência para um produto semelhante. Não tenho como provar que o mesmo fora plagiado. Porém, das duas, uma: ou a ideia concebida não era tão original assim, ou a cópia foi feita mesmo.


Criei anúncio e outdoor para a marca de atum ANDREA. Anos depois também vi um outdoor com o mesmo título anunciando um produto do mesmo gênero. Falta de criatividade ou cópia na cara dura?


O material promocional abaixo, criado por mim e o diretor de arte João Lino, pelo Studio 21 de Comunicação, recebeu uma menção honrosa no Anuário do Clube de Criação de São Paulo; catergoria Promotion ando Graphic Design.


Anúncio da LABORGRAF que saiu no Anuário do Clube de Criação de São Paulo. Criação minha e de João Lino, pelo Studio 21 de Comunicação.


E para finalizar o post, apresento aqui um anúncio da marca de calções de luxo francesa VILEBREQUIN, veiculado no jornal Folha de S. Paulo. Ele é a prova viva da importância que uma etiqueta tem na identidade de um produto. Ela está presente no calção do pai e do filho e também está em destaque, sozinha, no canto inferior direito do mesmo.


Quando vejo um anúncio assim, sinto orgulho da profissão que abracei: vendedor de etiquetas. E de tecidos, plaquinhas de metal, papel de seda personalizado, tags, caixas e sacolas de papel, etiquetas em couro, borracha, vinil e tudo o mais que você sonhar (brincadeira).

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