17 de set. de 2012

Mulher Blueberry


Em meio a tanta fruta, lanço aqui um desafio: vamos encontrar a verdadeira mulher blueberry!

Repare bem. No Brasil, para quase todas as frutas existe uma mulher correspondente. Como exemplo, cito a mulher maçã, a mulher morango, a mulher pera, a mulher melancia e sabe-se lá mais mulher o quê. Cada uma delas passa a viver como a encarnação da fruta escolhida. Carrega em si a representação da mesma junto à espécie humana.

Como toda fruta passa por um ciclo natural que vai da germinação, à formação, à fruta madura e ao envelhecimento, que gera o apodrecimento da mesma, fico imaginando o como se dará este ciclo nas mulheres frutas. O caminho de todas elas passará pelo envelhecimento, que vai levá-las daqui há 20, 30 anos, a ficarem mais parecidas com um maracujá.. Muitas delas serão vistas por seus pares como um verdadeiro abacaxi. Mas enquanto isto não acontece, as mulheres frutas aproveitam que se encontram em plena safra e vão negociando seus papéis no pregão das bolsas, em busca do melhor valor para suas ações. Aos olhos do mercado, parecem fresquinhas da silva, prontas para o consumo imediato, em forma de fruta ou suco. Cabe ao freguês escolher se vai querer com açúcar, adoçante ou nada.

Em meio a esta verdadeira salada de frutas, pergunto-me - e estendo a pergunta a você leitor também - porquê é que não existe a mulher blueberry? Se existe, eu não fui apresentado a ela. Será por quê a fruta blueberry parece aos brasileiros um pouco elitizada demais? Intelectualizada demais? Talvez nada popular?

Pode ser. Por isso eu lanço aqui uma proposta. Vamos fazer um concurso para eleger a brasileira que assumirá o papel da mulher blueberry! Proponho que ela seja uma mulher culta, bem-informada, intelectualizada. Uma mulher que - com ou sem chantili - nos encante com o seu sabor; a sua doçura; a suavidade de tez e a sua forma especial de saber.


Escolha a sua candidata... Ou sugira uma que você acredita merecer o título. E que vença a melhor!

Se coincidências existem, esta é mais uma delas. Tenho por hábito, toda manhã, antes de começar as atividades diárias, ler um pouquinho os jornais. Abri o caderno Ilustrada e vi uma matéria que falava de uma música cantada por Billie Holiday chamada "Strange Fruit".


Ela é intelectualizada e fala de racismo contra os negros americanos; de certa forma, eles têm a cor da blueberry. 

 

Veja a letra:

FRUTA ESTRANHA

Árvores do Sul dão uma fruta estranha;
Folha ou raiz em sangue se banha;
Corpo negro balançando, lento;
Fruta pendendo de um galho ao vento.
Cena pastoril do Sul celebrado;
A boca torta e o olho inchado
Cheiro de magnólia chega e passa
De repente o odor de carne em brasa
Eis uma fruta para que o vento sugue,
Pra que um corvo puxe,
pra que a chuva enrugue
Pra que o Sol resseque,
pra que o chão degluta,
Eis uma estranha e amarga fruta

Fui até o mercado municipal de S. Paulo com uma missão: comprar as blueberries que seriam uzadas mais tarde para comporem as fotos que viria a fazer da etiqueta da marca de mesmo nome da fruta: Blueberry.


Aproveitei para fazer alguns cliques de guloseimas que vi por lá, além de seus incríveis vitrais.


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