9 de jul. de 2013

Protagonista de si mesma


A sua vida é uma novela das nove
Você própria é um personagem
A sua casa é um cenário
A cidade em que você vive é cenográfica
Até o latido de seu cão é dublado
As roupas que você veste fazem parte de um figurino
O seu cabelo é mega hair
Os seus cílios, bem como as unhas são postiças
A sua fala é um texto decorado
A história de sua vida faz parte de um roteiro pré-aprovado
Todos os seus familiares e amigos são funcionários da mesma emissora
Mal sabia que ao ser contratado para virar o seu homem
acabaria ganhando o papel de ator convidado
Ao descobrir que nossos encontros eram gravados,
apaguei as fitas e saí de cena
Não sem antes olhar fundo em seus olhos e dizer-lhe:
- Vou embora daqui
Você tentou me impedir com movimentos estudados
A fim de evitar um final trágico para a estória, fui-me embora
Bati a porta da sala e, já do lado de fora, ouvi o bater da claquete
e a voz rouca do diretor dizendo:
- Corta!

Vivemos em uma sociedade abastecida de tantas informações, vindas de tantos lugares, que por mais que queiramos nos manter atualizados sobre o que se passa no mundo, não conseguimos. Ficamos então muitas vezes à deriva, com a sensação incômoda de não plenitude, de vazios existenciais onde a luz da compreensão não pode alcançar.

O que fazemos então diante disto e em reação a isto? Fingimos que sabemos o que de fato não sabemos. Passamos adiante assuntos que vimos e ouvimos na mais absoluta superficialidade; se o outro nos "espreme" um pouquinho sobre o tema,saímos pela tangente, já que no fundo, não sabemos nada do que estamos falando.

É a falsa sabedoria operando no lugar da sabedoria verdadeira. Aquela proferida por pensadores como Aristóteles, Ptolomeu e mais recentemente,  Jean-Paul Sartre.

O conto PROTAGONISTA trata destas questões. Vidas que se desenrolam em perfeitos cenários, vividas por pessoas que são perfeitos atores e atrizes. É o mundo do faz-de-conta: eu finjo que sou o que sou e você finge que acredita na farsa.

Para ilustrar a poesia, escolhi fotografar um local que de tão espetacular, virou ícone da arquitetura paulistana. Trata-se do hotel UNIQUE, projetado pelo arquiteto Ruy Ohtake. O nome do hotel é a personificação do que ele se pretende ser e parecer aos seus hóspedes: único.




Inaugurado em 2003, tem o design concebido pelo arquiteto João Armentano e o paisagismo criado e executado pelo renomado Gilberto Elkis.

Foi neste jardim, onde a grama cede espaço a cubos de pedras em tons de bege e marrom, que eu fotografei a etiqueta e o galão desenvolvidos e produzidos para a CIVETTA no ano de 2007.

A CIVETTA foi uma marca bastante conceituada na produção de vestidos de festa, com requintes de alta-costura. Ela foi comandada pela estilista Monica Conceição, que é irmã de Marica Peltier. Foi para ela que Monica fez o vestido usado no casamento do Príncipe Albert, de Mônaco.

OS produtos agora mostrados foram feitos para uma linha de camisas sociais criada pela estilista e batizada de CIVETTA CAMICERIA. A fita foi usada para abraçar as camisas quando dobradas. Um detalhe que confere sofisticação às peças.

A etiqueta foi produzida em fundo branco e fundo preto (fotografei apenas as de fundo preto); já a fita produzida foi a de fundo branco.











































Recado do dia: Ter fé é agir em nome de algo que ainda não se pode ver ou tocar, mas que se tem certeza de que se irá alcançar.





A imagem que abre o post é uma cena de "A ópera dos Três Vinténs", de Beltold Brecht, montada pela  companhia Berliner Ensemble.

Um comentário:

  1. Beto, adorei esta postagem. E tudo isto, incluindo a pesquisa, é feito sem nenhum patrocínio ...

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