18 de ago. de 2012

Siga o anjo


Se você escutar um silêncio, pare e preste atenção. Certamente tem um anjo  ao seu redor querendo avisar-lhe algo importante.

Cheiro de lápis de cor. Cheiro de desenho, de cores, formas, traços, esboços, riscos. Cheiro de madeira e extratos dos pigmentos utilizados na sua fabricação. Cheiro de lápis de cor é o que me carrega de volta ao grupo escolar. 

Estava com cinco anos quando minha mãe resolveu colocar-me na escola. O début fora muito traumático.Afinal, deixar o calor acolhedor da casa paterna para aventurar-me no mundo frio e desconhecido da escola, cheio de meninos e meninas nunca antes vistos, não era nada fácil. Lembro-me de chorar muito quando a babá vinha até mim preparar-me para o ritual da escola. Banho, uniforme, lancheira, tchauzinhos.


A minha sorte é que tinha um anjo da guarda que ia comigo para a escola. Este anjo era o meu irmão mais velho, José Augusto, que já estudava lá a cerca de uma ano e não deixaria de - sempre que pudesse - dar uma olhada no irmão. Pelo menos era isto o que eu esperava.

Este fato não me impediu de - gratuitamente - ter arranjado um diabinho que resolveu fazer-me de seu fantoche predileto. Fui vítima de uma tentativa de afogamento na piscina da escola, em momento de recreação; isto se contar os inúmeros tapinhas e beliscões gratuitos recebidos. Hoje sei que isto se chama 
bulling. Na época, era perseguição mesmo.

Certa tarde, na hora do recreio, apareceu uma loirinha de cabelos cacheados, sorridente, em cima de uma bicicleta, a convidar meu irmão para uma voltinha em sua garupa. Ela era mais velha que a gente. 


Meu irmão, ciente dos perigos, recusou de pronto a oferta. Como o convite fora negado, ela resolveu estendê-lo a mim. Achei a ideia atraente. Disse-lhe que sim.. Meu irmão tentou impedir-me de fazê-lo. Tentou convencer-me a não ir de todas as formas, inclusive usando da sua condição de irmão mais velho. Mas o "diabinho" (desejo) falou mais alto em meu ouvido. A loirinha ajudou-me a subir na bicicleta e orientou-me a permanecer de pernas abertas. Mas mal a bicicleta se pôs em movimento para que eu enfiasse o pé direito no raio da mesma. Meu Deus! Não adiantou ela parar. O sangue começou a jorrar de meu dedão e achei que eu o tivesse perdido. Na verdade, foi quase. O dedo permanecera no pé graças ao osso, porque se não, teria caído ao chão. A gritaria foi geral. Na mesma hora - como costuma acontecer nestes momentos - a criançada toda reuniu-se ao redor para poder olhar de perto aquele horror. Aprendemos a gostar de tragédias desde pequenininhos. O anjo da guarda fora meu irmão, que saiu correndo, gritando pela professora:

- "Professora, professora, meu irmãozinho está morrendo!" - o pranto estava estampado em seu rosto.

A professora logo apareceu, acompanhada de outras colegas e assistentes, para ver o ocorrido. Visto a gravidade, arranjaram-me uma toalha, que colocaram a cobrir-me o pé. Minha mãe fora acionada. Ela ficara tão desesperada que acabou esquecendo na escola o meu irmão mais novo, André, que levara consigo. Foi no caminho do hospital que ela lembrou-se do ocorrido. Ligou para o meu pai, que foi imediatamente para a escola. Segundo nos contou, meu irmão estava brincando no parquinho junto com outras crianças. O resultado desta aventura foram diversos pontos mal costurados ao redor de meu dedão. Até hoje, passados quarenta e três anos, ele parece uma couve-flor, de tão feio. Para trazer a funcionalidade de volta ao membro quase perdido, o médico deixara para segundo plano a estética.  Azar o meu. Mas bem que o anjo tentou me ajudar...

esta foto é prova de que o ocorrido não virou trauma... 

Hoje o assunto é anjo. E todo anjo de luz mora ao lado de todos os artistas que passam pela Terra. Com Sonia Ebling certamente não foi diferente. Fui até o MUBE (MUSEU DE ESCULTURA) fotografar as etiquetas que desenvolvi - em momentos diferentes - para a MOB. 


Foi aos pés e na perna flexionada de uma escultura ARMINDA, de Sonia Ebling que fiz as fotos de das quatro primeiras etiquetas apresentadas...


Este é um saquinho muito especial que desenvolvi para a MOB, utilizando-me da estampa que foi usada pela marca naquela estação. As utilizações para ele podem ser variadas: porta-bijuterias; porta-documentos; porta-maquiagem; porta-moedas.Foram duas as variantes de cores feitas: fundo off-white e bordado em fio marinho e fundo off-white e bordado em fio musgo antigo.


Apresento duas das etiquetas feitas com a mesma temática dos saquinhos. Elas foram desenvolvidas em fundo off-white, com variações de bordado em marinho e bordô.


Esta etiqueta é muito especial. Ela foi desenvolvida para ser aplicada no cós da linha de calças, shorts, bermudas e saias em índigo e sarja. Atrás da mesma foi aplicada uma entretela que - além de dar uma firmeza à mesma, facilita a costura da mesma na peça. 


Esta é a etiqueta que foi produzida por diversas vezes, alterando-se sempre a cor de fundo. Apresentarei uma com o fundo verde água e outra com o mesmo branco. Note que ela tem uma pedra de cristal transparente aplicada em sua base, garantindo um ar de sofisticação à mesma. 


Fotografei as etiquetas em uma escultura de aço.


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