24 de jul. de 2012

O andarilho


Andava a esmo
Procurava, mas nada encontrava
Buscava, mas não alcançava

Andava a esmo
O olhar era para baixo
E só se levantava quando alguém passava ao lado,
Vinha a seu encontro,
Ou passava-lhe as pernas em vantagem, força e coragem

Andava a esmo
Não tinha para onde ir,
Porque vir ou a encontrar
Nenhuma promessa feita ou recebida
E por isso mesmo, nenhuma pressa

Andava a esmo
Perdido em pensamentos
Aflito por alguns momentos
Em falta com os sentimentos (próprios e alheios)

Andava a esmo
Sem lágrimas para derramar
Sem ouvidos para lhe escutar
Sem voz para lhe chamar

Andava a esmo
O ontem já não mais contava
O hoje não lhe dizia nada
O amanhã não lhe importava
E com certeza não lhe acrescentaria nada

Andava a esmo
Andava, andava e andava
Se parasse os pensamentos lhe atropelariam na calçada
E ele morreria feito um indigente,
sem carteira ou documento
Portanto, não correria perigo de alguém revelar-lhe a  verdadeira identidade

Andava a esmo
A esmo andava


A poesia acima traduz bem  o tecido feito para a marca de roupas e acessórios femininos BIANCA RANUCCI. Ele foi desenvolvido e produzido para a coleção de inverno 2012 da estilista. A estampa é baseada em um mapa geográfico da costa oeste dos Estados Unidos da América. Foram feitas três variantes de cores que você pode ver abaixo. Fiz estas fotos no parque Ibirapuera. Queria que elas refletissem o asfalto, a estrada.


Veja também um modelo desenvolvido pela estilista com o tecido:


PS: A ilustração que inicia o post é criação da Leo Burnett de Taipei, Taiwan, para Johnnie Walker.

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