18 de out. de 2011

Índio quer apito. Isto é o que você pensa!


Foi-se o tempo em que índio queria apenas apito, espelhinho, colar barato e outras bujigangas afins. Os índios de hoje, pelo menos os americanos, vão à Harvard estudar e depois voltam às suas aldeias de origem para praticarem o que aprenderam com os ianques. É a chamada globalização invadindo a aldeia.


Pelo menos aquelas aldeias que resistiram aos inúmeros ataques dos brancos ao longo dos tempos. As armas utilizadas por eles nem sempre foram as de fogo, incluindo aqui a malária, o tifo, a tuberculose, a gonorréia, o mercúrio derramado nas águas virgens dos rios pelos garimpos clandestinos e outras " cositas más". Tudo em nome do tal progresso.


No caso brasileiro, o mesmo progresso estampado em nossa pátria bandeira.


E foi nesta terra brasilis, mais especificamente na aldeia de Piratininga, que criei este tecido inspirado no universo indígena por encomenda de Sandra Silveira, importante designer de sapatos, que desenvolve coleções para as mais renomadas grifes femininas do país.Sandra incumbiu-me de criar a estampa a partir de duas imagens de seu acervo pessoal: uma de uma palmilha de sapato, e outra de uma veste de inspiração indígena de um desfile internacional.


Eis aqui o resultado deste trabalho em duas versões diferentes: uma em preto e cru, utilizando como fio de fundo o algodão, e outra multicolorida, utilzando fios de poliéster sobre base de tafetá.


Veja como o mundo dá voltas: as antigas brancas das melhores castas européias que antes vestiam a nudez das pobres índias de então, hoje vestem-se de modelitos inspirados nas parcas roupas das índias do passado.


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