Vão, não és em vão
O que perdestes em especulação,
ganhastes em visão
Às vezes, para se entender a vida
é preciso enxergar o outro lado da rua
Quando tudo se resume a 4 paredes,
vê-se a paisagem apenas aonde se localizam as janelas de vidro fume
Se der o azar de elas estarem voltadas para o lado errado,
você jamais saberá que a sorte passou na rua de trás
e levou consigo outro homem em teu lugar
Vão, se tu existes, existe uma razão
Quem acompanha o blog é testemunha de que rodo a cidade em busca das locações que melhor reflitam o espírito dos posts criados e das peças neles divulgadas.
Para este post em particular, que mostra em parte o trabalho que desenvolvi junto ao cliente CAREZZA, escolhi como cenário a Casa Bandeirista do Itaim, que pode ser vista através do imenso vão livre existente no imponente edifício comercial situado na avenida Faria Lima, em São Paulo.
Para lá me dirigi, levando comigo um pedaço de um dos tecidos que desenvolvi e produzi para a marca; estes tecidos foram utilizados como forro das bolsas desta marca que surgiu em 2009 como representante do segmento do mercado de jeans premium e bolsas de luxo.
A marca chegou a ter endereço próprio em rua do conceituado bairro da Vila Nova Conceição. Além dos tecidos, criei, desenvolvi e produzi uma série de etiquetas para a coleção de jeans.
Faço aqui um protesto à forma como fui recebido pelos seguranças do edifício Pátio Victor Malzoni. Eles me impediram de fazer qualquer foto do local, dizendo não ser permitido fazer fotos do vão-livre, do edifico em si e muito menos da Casa Bandeirista. Informaram-me que fotos são permitidas apenas com autorização; quando manifestei interesse em fazê-la, indicaram-me a recepção do local, bastante sofisticada, diga-se de passagem. Lá, a recepcionista informou-me que a autorização teria que ser feita via e-mail, e que eu teria que ficar aguardando a concessão ou não da mesma.
Ora, e se eu for um turista na cidade e estiver na mesma apenas naquele dia? Com certeza não poderei ficar sentando no hotel dias a fio esperando a tal "autorização". O que mais me agrediu, no entanto, foi a proibição de tirar fotos da Casa Bandeirista. A alegação dada é de que a mesma virará um museu a ser inaugurado no próximo mês.
Será que uma organização empresarial tem o direito de proibir um cidadão de tirar fotos de um patrimônio histórico da cidade? E o por quê de um patrimônio histórico da cidade estar sobe a guarda de seguranças particulares? Não seria mais adequado a mesma vir a ser guardada por agente municipais?
Esta é mais uma prova de que o Brasil ainda tem muito a aprender sobre democracia e cidadania. Os cidadãos não podem ser reféns de "guardadores particulares" de um patrimônio que pertence à todos os cidadãos. Ou estou enganado?
Feito o desabafo, falarei agora um pouco sobre a Casa Bandeirista e sobre esta edificação, em particular.
Ah, quanto às fotos, consegui tirar aquelas feitas da calçada (dei a volta no quarteirão e dirigi-me à rua Iguatemi). Afinal, a calçadas ainda são públicas. Ou não?
A Casa Bandeirista pertenceu ao General Couto de Magalhães, herói da Gerra do Paraguai, que a comprou e - em seguida - foi adquirindo extensões de terra próximas a ela. Ela deu origem ao futuro bairro do Itaim Bibi, quando um de seus sobrinhos, de apelido Bibi, foi se desfazendo das terras e as vendendo para loteamentos. A casa é de estilo colonial e foi feita sob a técnica de taipa de pilão.
Já o edifício ali construído é uma edificação constituída por duas torres envidraçadas de 19 andares e um edifício suspenso sobre o vão-livre, com 11 pavimentos.
É atualmente o edifício comercial mais caro do país. O seu vão-livre tem 41 metros de largura por 21 metros de altura.
Uma vez que fui impedido de fazer as fotos junto à Casa Bandeirista, como era meu desejo, fiz as fotos do tecido e das etiquetas em estúdio.
Recado do dia:
A razão e emoção são primas que não se frequentam.