15 de dez. de 2012

Papai Noel


Eu sei que você não acredita em Papai Noel. Da mesma forma que não acredita em sereias, princesas, duendes, seres da floresta etc.Ficaria realmente preocupado se dissesse que sim.

Deixar de acreditar em Papai Noel acaba sendo mesmo um rito de passagem na vida de todos nós; algo que mais cedo ou mais tarde vai ter sempre um espertinho(a) que vai acabar nos revelando a verdadeira identidade deste velhinho.

Acredito que este "descobrimento" venha a ser um de nossos primeiros grandes desapontamentos na vida. Afinal, não existe nada mais confortador do que saber que apesar de tudo o que vivemos durante um ano inteiro, possamos vir a ser reconfortados com um presente deixado na calada da noite em nossa árvore de Natal.

Isto sem contar o imenso prazer que sentimos ao escrevemos (ou pedimos para alguém escrever por nós) as nossas cartinhas nas quais elencamos os nossos desejos e dizemos sobre o nosso merecimento aos presentes solicitados. Queremos todos que Papai Noel saiba que fomos e somos bons meninos.

O que acho realmente uma pena é que ao abandonarmos a crença no bom velhinho, descartemos com ela a crença em valores como a doação ao próximo; a motivação para ajudarmos ao outros sem que para isto ganhemos uma remuneração em troca; o respeito pelo sentimento e desejo alheio, mesmo que este sentimento ou desejo não venha a ser o que comungamos; a vontade genuína de bem-querer e de poder desejar os melhores votos de felicidade e amor a quem nem o nosso nome conhece.

Nós, adultos espertos e sabidos que somos, nos orgulhamos de nossa racionalidade, de nosso objetividade, de nossa assertividade, e afastamos para bem longe de nossas vidas o que chamamos de intuição, premonição, sentimento. Fechamos os olhos, desta maneira, ao que realmente importa: conhecermos a fundo nós mesmos.

Conhecermos a nós mesmos é certamente o único caminho capaz de nos conduzir a uma vida realmente feliz, feita de muitas noites felizes, se assim podemos dizer. À uma vida que pelo menos, quando um dia olharmos para trás, venhamos a nos sentirmos orgulhosos das escolhas feitas e dos caminhos traçados, de trenó, carro, moto, bicicleta ou a pé.

A vida é como um figurino que o ator usa para interpretar o seu papel. Ele tem que estar em acordo com o seu personagem; caso contrário, a estória não anda direito, não cola no público, não dá audiência e não ganha patrocínio. Se formos analisar a roupa de Papai Noel, por exemplo, veremos que ela está em acordo com o seu papel nesta estória: o de um bom e generoso velhinho que não descansa enquanto não levar o presente até a última criança existente na face da Terra. Existe papel mais bonito que este?

Para ilustrar a crônica acima, escolhi duas etiquetas que desenvolvi e produzi para a marca de roupas e acessórios infantil MERCATORE. O desafio era mostrar a parceria desta marca junto a duas outras conceituadas lojas de roupas infantis: LA E LU e VA...LUTIN.


E já que estamos falando de crianças, sonhos e por estarmos em plena festividade do Natal, fui até a avenida Paulista utilizá-la como cenário ideal para as fotos. Confira.




Às vezes a árvore de Natal mais simples é a mais linda do mundo. Para mim, esta que apresento agora é um exemplo disto. A encontrei na frente do pronto-socorro infantil do hospital Santa Catarina (Marina, minha filha, quantas vezes lá estivemos juntos). Ela é feita de bolas e enfeites confeccionados em tecido, como os fuxicos. O tecido que a recobre é uma espécie de juta. O resultado é encantador e foi nela que as etiquetas se posicionaram para as últimas fotos do dia.


Olha Os duendes que encontrei no jardim! Ou foram eles que me encontraram? À caminho de um cliente, olhei para aquele jardim e lá estavam eles, os sete anões e a Branca de Neve cercados de uma infinidade de duendes e seres da floresta. Tudo a ver com a nossa crônica sobre crenças e papéis, não acha?


13 de dez. de 2012

Um dia naquela cidade


As cores que você vê, nem sempre são as mesmas que você enxerga

A chuva jogou um balde de tinta cinza logo de manhã naquela cidade.

Assim que acordaram, os grafiteiros foram chamados e a eles fora dada uma missão:grafitar os muros de toda a cidade.

Sem pestanejar, um a um, todos emprestaram aos muros o seu estilo de trabalho. Alguns tinham obras monumentais a mostrar; outros, apenas pequenos motivos singelos.

Em comum a todos os trabalhos existia uma grande alegria. Os grafiteiros carregaram suas obras de muitas cores.

Ao término, quando todos já tinham abandonado o seu campo de trabalho, a cidade ficou mais parecendo uma grande galeria de arte.

Foi então que o prefeito da cidade - debaixo de muita chuva - propôs ao seu secretariado que se fizesse uma pesquisa junto à população.

Ele queria mensurar de forma científica qual o grau de percepção da população para com aquele movimento de arte feito em um dia tão sombrio.

O instituto que fez a aferição chegou à seguinte conclusão; tudo baseado na mais pura estatística matemática e acompanhado de uma auditoria devidamente credenciada para coibir fraudes e manipulações de resultados.

A totalidade das pessoas tristes da cidade não perceberam nada de diferente naquele dia cinza e chuvoso. Apressados para o trabalho, estudos e outras ocupações, tudo o que viram pela frente foram os tons cinzentos próprios dos dias nublados.

Já com as pessoas alegres, o resultado foi bastante diferente. Ainda dentro de suas casas e apartamentos, ao abrirem suas janelas e se deparem com o dia chuvoso, olharam de forma um pouco mais apurada e enxergaram os muros todos pintados. À caminho do trabalho e dos afazeres, as cores dos muros grafitados iam alegrando ainda mais os seus corações. Muitos entraram em êxtase e nem perceberam o momento em que a chuva parou e a luz do Sol voltou a brilhar. Para eles, aquele fora um dia colorido.

A conclusão final da pesquisa diz que as pessoas alegres são aquelas dotadas de um botãozinho que - ao menor sinal de tristeza (dias cinzentos) - uma vez acionado, preenche de cor tudo o que está à sua volta. Já as pessoas tristes nasceram com este botãozinho quebrado, ou então, o mesmo encontra-se desligado ou fora de área: enxergam apenas aquilo que vêem.

Participe você também da pesquisa e veja se o seu botãozinho está funcionando.


Para fazer companhia a este conto fantástico (no sentido fantasioso), apresento agora duas etiquetas que desenvolvi para a marca JINGLERS, da C&A. Elas foram feitas para uso externo em sapatos da marca. Ambas têm o fundo em damask, com uma entretela aplicada no verso. Ambas apresentam acabamento em overloque. A primeira etiqueta tem o fundo preto, o logo off-white e o overloque preto, acompanhando a cor de fundo. Já a segunda etiqueta é redonda , com o fundo preto, o logo off-white e o overloque na mesma cor do logo.

Escolhi um cenário muito especial para apresentar as etiquetas: um muro grafitado na rua Augusta. Passando certo dia por ali, presenciei o artista finalizando a obra. Tudo ali convidava para se fazer uma foto: o artista, a escada utilizada, as latas de grafite espalhadas no chão e um companheiro de trabalho tomando conta do pedaço. Pedi licença e o fotografei. Voltei outro dia com as etiquetas para fazer as fotos das mesmas in loco.


Eu entendi que dois artistas dividiram suas obras no mesmo muro. Isto porquê existem duas assinaturas, uma em cada extremidade do mesmo. A assinatura da direita do muro (foto logo abaixo) pertence à obra fotografada com o artista em pleno trabalho. A da esquerda (foto mais abaixo), pertence à obra em que se encontra o cervo.


E já que o tema deste post é grafite, veja agora esta obra de OS GÊMEOS que descobri por acaso no muro de uma casa localizada em um bairro nobre da cidade. Quando vi, não acreditei. O meu dia ficou muito mais colorido, assim como o das pessoas felizes daquela cidade retratada no conto.