24 de ago. de 2012

Hiroko. A japonesa que não tinha nome.



Eu via aquela senhora japonesa andando pelas ruas da cidade pelo menos algumas vezes por semana. Ela tinha um semblante sério que podia ser claramente visto por entre os vincos de seu rosto já bastante enrugado. Duas coisas chamavam a atenção, em especial: andava sempre com uma sombrinha aberta a proteger-lhe do Sol, e calçava invariavelmente sandálias Havaianas, já muito desgastadas. Na década de 70, o período aqui retratado, este tipo de calçado era usado somente pelas pessoas mais humildes, de poucas posses. Ainda estávamos distantes de presenciarmos a revolução empreendida por esta marca de sandálias de borracha, há tempos já usadas por estrelas de Hollywood e abastados do mundo inteiro.

ilustração do livro "Havaianas as legítimas"

Por não conhecer-lhe, nunca ficava sabendo de onde vinha e para onde ia. Nosso único contato eram os encontros casuais quando a via passando, estando eu a caminho de algum compromisso. O seu olhar era sempre para baixo. Tenho certeza que nunca olhou-me nos olhos. Se me reconhecia, com certeza era através de algum outro sinal, que não a contemplação de meu rosto. Pode ser que me reconhecesse através do tamanho de minha sombra projetada no chão; ou talvez por algum cheiro particular que tivesse ou sei lá mais o quê.

O fato é que eu, mesmo não a conhecendo, sabia quem era. Para mim ela era a velhinha japonesa, de costas bastante curvadas pelos anos a fio olhando para o chão; era a velhinha que se escondia do Sol embaixo daquela sombrinha; era a velhinha muito pobre das desbotadas sandálias Havainas. O restante de sua história, para mim, seria mera especulação.


Com certeza ela era uma das tantas imigrantes que vieram trabalhar nas plantações de café que existiam na região noroeste do estado de São Paulo, entre a primeira e a segunda década do século passado.


Após longos e difíceis anos morando em alguma colônia, talvez na fazenda Hirano, em Cafelância, viera e estabelecera-se finalmente em Araçatuba, onde montara junto com a família algum pequeno comércio; quem sabe uma quitanda, uma mercearia, um armazém de secos e molhados, uma tinturaria.

Eu poderia, passados tantos anos e ainda me recordando dela, dar-lhe um nome que viesse a torná-la um pouco mais familiar. Que tal Hiroko? Satiko? Mioko? Masako? Kumiko? Akemi? Hiromi? Já sei: vou homenageá-la com o nome de uma antiga amiga de faculdade de quem gostava muito e perdi contato. A japonesa desta história vai se chamar Hiroko. Só não poderei dar-lhe - dadas as características físicas e o respeito pela idade avançada - o apelido que dera à antiga colega de classe: japonesinha sexy.

Com certeza, Hiroko já não se encontra mais entre nós. É uma pena, pois se pudesse vê-la novamente, pediria que ela parasse um instante e lhe diria:

- Levanta a cabeça Hiroko! Foi-se o tempo em que as mulheres acreditavam que não poderiam olhar para os homens frente a frente. Você é corajosa. Saiu da terra do Sol Nascente e veio parar nesta terra castigada pelo sol ardente. Somente por isso você já pode se considerar vencedora. Levanta a cabeça, menina!


Criei o texto acima para homenagear o trabalho que fiz há alguns anos atrás para a marca de roupas feminina SANTA DO CABARÉ. Ela é uma tradicional loja localizada na famosa Galeria Ouro Fino, na
rua Augusta, em São Paulo. Cintia, a estilista e proprietária da marca, havia criado uma coleção de inspiração nipônica, e queria fazer uma etiqueta que viesse a traduzir o tema. Produzimos esta linda etiqueta, que retratei em meio a uma cerejeira em flor, no parque do Ibirapuera.


Foram feitas duas etiquetas: uma maior e outra menor; a maior tem uma boneca em cada uma das extremidades e a menor, em apenas uma.

Desenvolvi também uma almofadinha (etiqueta com enchimento) com a figura da personagem, para ser usada como tag, juntamente com a etiqueta.


23 de ago. de 2012

O dia em que as torres gêmeas vieram abaixo


ilustração de Hardy Ecke

Diante de um fato grave não planejado ou imaginado, esqueça o que havia planejado. Jogue fora o que fora agendado e permita-se viver o novo, o desconhecido que veio para botar de ponta-cabeça tudo o que existira até então.

Quando as torres gêmeas vieram ao chão em Nova York eu me encontrava em Curitiba, PR, trabalhando. Nunca mais irei me esquecer das primeiras imagens vistas. Encontrava-me na rua, a visitar clientes. Andando pelo centro da cidade, observei uma televisão ligada em um bar. Parei para olhar e acreditei tratar-se de um filme de ação. Fiquei completamente atônito quando vi o letreiro indicar que tratava-se de "um acidente aéreo". Tentei ainda trabalhar, mas na medida que o tempo ia passando, via que a cidade estava parada olhando para os televisores. Resolvi então procurar um local para almoçar e pensar no que poderia fazer. É nestas horas que vemos o como a programação que fazemos para um dia, semana, mês, ano, ou anos, pode vir a ser inteiramente comprometida por um fato não previsível.

Achamos que somos donos do tempo, mas efetivamente não o somos. Dadas certas circunstâncias, a gente pode prosseguir fazendo o planejado, mas às vezes, diante de algum fato inusitado, somos obrigados a mudar o rumo da história; pelo menos o da nossa história pessoal.



Aquela viagem a Curitiba havia sido programada para que eu viesse a vender a coleção de alto verão que a Companhia de Linho, empresa para a qual trabalhava, havia feito para o ano de 2001. A gravidade do
acontecido comprometeu totalmente o meu trabalho, já que a atenção e o interesse de todas as pessoas estava voltado ao que vim a saber depois vir a se tratar de um atentado terrorista.

Este acontecido faz-me refletir sobre os longos seis anos em que estive envolvido com a venda de roupas e acessórios para marcas como IT'S, OCIMAR VERSOLATO, HUIS CLOS, COMPANHIA DE LINHO e, finalmente em 2002/03, FAUSE HATEN.

As funções exercidas junto a estas empresas foram todas ligadas a vendas, seja como vendedor interno, seja como supervisor de vendas ou como gerente comercial. Em comum a todas elas existia a atuação junto a um mercado de produtos premium ou de luxo. Foram muitas as viagens empreendidas para visitar lojistas de praticamente todas as regiões do Brasil. Poucas foram as capitais brasileiras em que não estive presente.

Estes anos de atividade fizeram-me refletir sobre o mercado de luxo no Brasil e a tentar entender o mecanismo que o faz existir e se perpetuar. Excluindo-se as lojas próprias e franquias, o restante deste mercado é preenchido por lojistas multimarcas que revendem em seus mercados locais - em grande parte das vezes - com exclusividade, as grifes de alguns estilistas escolhidos a dedo. Este é um mercado pequeno, que tem um número bastante restrito de estabelecimentos que se encontram aptos a comercializarem este tipo de produto. Estes estabelecimentos, pelo que pude conferir ao longo dos anos, não crescem na mesma proporção em que nascem novas marcas. Estas são em número muito grande para serem absorvidas por estes lojistas. O resultado disto é uma verdadeira guerra travada entre as marcas. Ganha quem tem mais visibilidade no mercado, seja através da participação nos eventos de moda como o Fashion Week, seja através de terem sido "adotadas" pelos editoriais de moda das revistas de estilo e de moda, ou pelo investimento de marketing e propaganda que cada uma delas empreendem. Muitas vezes os donos destas marcas, a maioria deles criadores, não entendem o porquê de suas vendas, em determinadas coleções, não corresponderem ao que eles desejavam ou acreditavam poderem alcançar.

Na maioria das vezes se esquecem de um detalhe muito significativo, mas que a maioria não quer ou consegue assumir: erraram a mão no tema escolhido, na elaboração das peças, na precificação, na cadeia produtiva, na distribuição ao mercado. Para estes profissionais, dado o tamanho de seu ego, se há algum erro para não terem alcançado o êxito esperado nas vendas, certamente ele não está consigo, mas com a equipe de vendas, incluindo aí vendedores, supervisores e gerentes comerciais. Isto, em grande parte, explica o
porquê da alta rotatividade destes profissionais de vendas no mercado. Os mesmos vão trocando de endereço num ritmo muitas vezes frenético. A tentativa é sempre a mesma: mostrar ao estilista de plantão que o poder de fogo de seu trabalho e de sua expertise farão toda a diferença nas vendas da próxima coleção. Tô fora!

Esta matéria AS "DASLUS" DE VÁRIOS SOTAQUES retrata com precisão o mundo do luxo no que se refere às lojas multimarcas que revendem as coleções de grandes estilistas.



Tenho o privilégio de dizer que já negociei a venda de coleções para cada uma das lojistas aqui retratadas. Pode-se dizer que elas são as logistas top deste segmento de mercado. Com exceção de Tereza Tinoco (Natal - RN), visitei cada uma destas lojas, algumas delas mais de uma vez.

A seguir, mostrarei algumas fotos guardadas com muito carinho de diversos momentos profissionais que tive, todos eles envolvendo a visita a lojistas de diversas cidades.

Fui contratado como vendedor free-lance para este showrom, que foi o primeiro deste estilista no Brasil. Na época, Ocimar Versolato tinha o seu ateliê em Paris, França, e comandava a marca diretamente de lá. Tive o privilégio de ter sido escolhido - entre os dois vendedores contratados - para dar prosseguimento às vendas no final da coleção, quando não mais seria necessário a presença de dois vendedores.

 


Resgatei a agenda que mantinha na Cia de Linho, quando se deu a história contada. Nela encontra-se anotada por mim uma linda frase proferida por Marx: "...Todas as coisas que amo, deixo-as livres, se voltarem as conquistei, se não, jamais as possuí..." Ainda acredito nela.

21 de ago. de 2012

Traição

ilustração de Charlie Zimkus

Você já se sentiu traído? Já se imaginou traído? Já foi efetivamente traído? Para qualquer uma das perguntas anteriores vale a mesma resposta: não importa com quem, quantas vezes e como foi; a dor será sempre a mesma, imensa e lancinante. A história a seguir ilustra bem o que disse:

Adélia e Ricardo faziam um casal que era exemplo de união feliz e estável por parte dos familiares e amigos. A relação dos dois já durava pelo menos dezessete anos entre o primeiro encontro e a noite do fim do relacionamento.

Os casais que vivem relações longânimas sabem do que estou falando: com o passar dos anos, o desgaste natural da relação, o nascimento dos filhos e tantas outras situações, a vida sexual já não fica mais a mesma dos primeiros encontros, quando o fogo da paixão arde feito brasa no corpo dos enamorados.
Com o tempo, quando o casal amadurece junto, surgem novas possibilidades e prazeres - além do sexo propriamente dito - que vão dando novas cores à relação e fazendo com que esta vá se perpetuando, às vezes por anos a fio. Mas dependendo do desequilíbrio no amadurecimento dos dois, estas novas possibilidades podem efetivamente não aparecer ou  podem aparecer, mas não vir a serem notadas por um dos dois ou para ambos.

No caso de Adélia e Ricardo, os anos, ao invés de amenizarem as diferenças que inicialmente os unira, causaram o seu afastamento afetivo e emocional. Os dois passaram a se "estranharem" com frequência. Às vezes, bastava uma palavra mal colocada para que as discussões aparecessem e tomassem o lugar da harmonia, do amor. Era um tal de "você fez isto" pra cá, "você fez isto" pra lá". No começo os amigos não perceberam, mas passado algum tempo, as discussões foram ficando evidentes nas sessões de cinema; nos almoços ou jantares fora de casa; nos passeios; nas viagens; até que se tornara difícil imaginar uma situação onde estas brigas não aparecessem. E quando isto acontece, aonde as brigas vão parar? Na cama, com toda a certeza.

A cama é o ponto inicial e o ponto final de qualquer relação amorosa. Podemos dizer que ela é o termômetro que apresenta a temperatura da relação do casal; não tem como enganar: ou a temperatura está quente, o que é uma delícia, ou ela está fria, o que é uma merda, com o perdão da palavra.

A temperatura na cama de Adélia e Ricardo estava num grau que já não denunciava mais a presença de vida. De algumas vezes ao mês, à duas, depois uma e depois nenhuma, o sexo entre os dois fora se tornando escasso e insosso. Quase sempre, um sinal de mera obrigação contratual.

As "dores de cabeça" de Adélia que serviam  no início para justificar as negativas ao sexo foram virando a tônica da relação. No começo Ricardo até acreditou, mas depois achou que era dor de cabeça demais para uma única mulher. Uma ou outra vez, era a vez de Ricardo alegar cansaço para esquivar-se do exercício amoroso.

Os dois foram levando a situação em banho-maria até que um dia a água acabou e a panela ferveu.
Nesta noite, após mais uma negativa de Adélia, Ricardo resolveu colocá-la na parede:

- "Adélia, eu não aguento mais. O que está acontecendo?"
- "Nada...não está acontecendo nada." - foi a resposta.
- "Não pode ser. Olhe para mim. Você tem um amante?" - a pergunta saiu quase que espremida na garganta dele.
-"Amante...não, não tenho." - respondeu Adélia sem encará-lo.
- "Se não existe um outro homem, então o que é?" - insistiu ele.
-"Você quer realmente saber?" - respondeu ela, para o espanto, surpresa e medo dele.
-"Fala!" - o silêncio que se sucedeu era a resposta do medo que se instaurara naquele quarto.
-"Eu vou falar, sim... Quer saber, eu já não sinto mais nada por você. Faz tempo que não sinto nada! Tive a certeza disto quando resolvi comprar um vibrador." - sentenciou ela.
-"Vibrador?...Que vibrador?" - perguntou ele como se acabasse de levar um tapa na cara.
-"À princípio achei que fosse bobagem, mas uma amiga deu-me a ideia e, como achava que tinha que tirar a prova dos nove sobre a minha falta de prazer, reuni coragem e fui a uma boutique do gênero comprar um." - ela falava e sua voz não denunciava nenhum pudor.
-"Quer ver?" - ele mal teve tempo de responder, quando ela num ímpeto levantou-se da cama e abriu a porta do armário. Tirou dali um estojo em veludo preto e para a surpresa de Ricardo, dentro do mesmo surgiu um objeto metálico dourado.
-"É banhado a ouro" - disse ela, segurando o vibrador como se o mesmo fosse um troféu.
-"De ouro?" - respondeu Ricardo, sem saber se ria ou chorava. Ele teve certeza ali, naquele momento, diante daquele vibrador dourado, que seu casamento chegara ao fim. Afinal, não dava para querer competir com um objeto análogo ao seu, porém banhado a ouro 18 quilates.


O conto acima serviu de inspiração para que eu apresente a você, além de uma série de etiquetas sensuais desenvolvidas para a designer THAIS GUSMÃO, uma matéria que foi capa do caderno Equilíbrio, do jornal Folha de S. Paulo. O título da mesma é: VIBRADOR SEM RISADINHA. O PRAZER SAI DA GAVETA, escrito por Noelly Russo.O artigo fala, dentre outras coisas, da sofisticação que este mercado erótico e sensual alcançou. Hoje existem, inclusive, estimuladores de clitóris e vibradores de aço inoxidável banhados à ouro 18 quilates. O preços são compatíveis a este mercado de luxo: o estimulador de clitóris YVA custa R$ 8.999,00 e o vibrador Olga, R$ 6.999,00 (ambos vendidos na Loja do Prazer). Isto indica que em matéria de sexo e prazer, o luxo também aportou nas brincadeiras e fantasias vivenciadas entre quatro paredes.


Quanto às etiquetas mencionadas acima, elas foram desenvolvidas para a marca THAIS GUSMÃO.


Elas apresentam um alto teor de sensualidade ao mostrarem a figura de um lindo par de pernas adornadas por uma meia arrastão. Dê uma conferida e veja se eu tenho razão:

 

18 de ago. de 2012

Siga o anjo


Se você escutar um silêncio, pare e preste atenção. Certamente tem um anjo  ao seu redor querendo avisar-lhe algo importante.

Cheiro de lápis de cor. Cheiro de desenho, de cores, formas, traços, esboços, riscos. Cheiro de madeira e extratos dos pigmentos utilizados na sua fabricação. Cheiro de lápis de cor é o que me carrega de volta ao grupo escolar. 

Estava com cinco anos quando minha mãe resolveu colocar-me na escola. O début fora muito traumático.Afinal, deixar o calor acolhedor da casa paterna para aventurar-me no mundo frio e desconhecido da escola, cheio de meninos e meninas nunca antes vistos, não era nada fácil. Lembro-me de chorar muito quando a babá vinha até mim preparar-me para o ritual da escola. Banho, uniforme, lancheira, tchauzinhos.


A minha sorte é que tinha um anjo da guarda que ia comigo para a escola. Este anjo era o meu irmão mais velho, José Augusto, que já estudava lá a cerca de uma ano e não deixaria de - sempre que pudesse - dar uma olhada no irmão. Pelo menos era isto o que eu esperava.

Este fato não me impediu de - gratuitamente - ter arranjado um diabinho que resolveu fazer-me de seu fantoche predileto. Fui vítima de uma tentativa de afogamento na piscina da escola, em momento de recreação; isto se contar os inúmeros tapinhas e beliscões gratuitos recebidos. Hoje sei que isto se chama 
bulling. Na época, era perseguição mesmo.

Certa tarde, na hora do recreio, apareceu uma loirinha de cabelos cacheados, sorridente, em cima de uma bicicleta, a convidar meu irmão para uma voltinha em sua garupa. Ela era mais velha que a gente. 


Meu irmão, ciente dos perigos, recusou de pronto a oferta. Como o convite fora negado, ela resolveu estendê-lo a mim. Achei a ideia atraente. Disse-lhe que sim.. Meu irmão tentou impedir-me de fazê-lo. Tentou convencer-me a não ir de todas as formas, inclusive usando da sua condição de irmão mais velho. Mas o "diabinho" (desejo) falou mais alto em meu ouvido. A loirinha ajudou-me a subir na bicicleta e orientou-me a permanecer de pernas abertas. Mas mal a bicicleta se pôs em movimento para que eu enfiasse o pé direito no raio da mesma. Meu Deus! Não adiantou ela parar. O sangue começou a jorrar de meu dedão e achei que eu o tivesse perdido. Na verdade, foi quase. O dedo permanecera no pé graças ao osso, porque se não, teria caído ao chão. A gritaria foi geral. Na mesma hora - como costuma acontecer nestes momentos - a criançada toda reuniu-se ao redor para poder olhar de perto aquele horror. Aprendemos a gostar de tragédias desde pequenininhos. O anjo da guarda fora meu irmão, que saiu correndo, gritando pela professora:

- "Professora, professora, meu irmãozinho está morrendo!" - o pranto estava estampado em seu rosto.

A professora logo apareceu, acompanhada de outras colegas e assistentes, para ver o ocorrido. Visto a gravidade, arranjaram-me uma toalha, que colocaram a cobrir-me o pé. Minha mãe fora acionada. Ela ficara tão desesperada que acabou esquecendo na escola o meu irmão mais novo, André, que levara consigo. Foi no caminho do hospital que ela lembrou-se do ocorrido. Ligou para o meu pai, que foi imediatamente para a escola. Segundo nos contou, meu irmão estava brincando no parquinho junto com outras crianças. O resultado desta aventura foram diversos pontos mal costurados ao redor de meu dedão. Até hoje, passados quarenta e três anos, ele parece uma couve-flor, de tão feio. Para trazer a funcionalidade de volta ao membro quase perdido, o médico deixara para segundo plano a estética.  Azar o meu. Mas bem que o anjo tentou me ajudar...

esta foto é prova de que o ocorrido não virou trauma... 

Hoje o assunto é anjo. E todo anjo de luz mora ao lado de todos os artistas que passam pela Terra. Com Sonia Ebling certamente não foi diferente. Fui até o MUBE (MUSEU DE ESCULTURA) fotografar as etiquetas que desenvolvi - em momentos diferentes - para a MOB. 


Foi aos pés e na perna flexionada de uma escultura ARMINDA, de Sonia Ebling que fiz as fotos de das quatro primeiras etiquetas apresentadas...


Este é um saquinho muito especial que desenvolvi para a MOB, utilizando-me da estampa que foi usada pela marca naquela estação. As utilizações para ele podem ser variadas: porta-bijuterias; porta-documentos; porta-maquiagem; porta-moedas.Foram duas as variantes de cores feitas: fundo off-white e bordado em fio marinho e fundo off-white e bordado em fio musgo antigo.


Apresento duas das etiquetas feitas com a mesma temática dos saquinhos. Elas foram desenvolvidas em fundo off-white, com variações de bordado em marinho e bordô.


Esta etiqueta é muito especial. Ela foi desenvolvida para ser aplicada no cós da linha de calças, shorts, bermudas e saias em índigo e sarja. Atrás da mesma foi aplicada uma entretela que - além de dar uma firmeza à mesma, facilita a costura da mesma na peça. 


Esta é a etiqueta que foi produzida por diversas vezes, alterando-se sempre a cor de fundo. Apresentarei uma com o fundo verde água e outra com o mesmo branco. Note que ela tem uma pedra de cristal transparente aplicada em sua base, garantindo um ar de sofisticação à mesma. 


Fotografei as etiquetas em uma escultura de aço.